Uma das maiores de 2024
Um ano após a tragédia, a Polícia Civil do Rio de Janeiro não concluiu a investigação que apura a responsabilidade pela morte de Ana Clara Benevides Machado durante o show da cantora Taylor Swift, em 17 de novembro.
A corporação diz, em nota, que já ouviu testemunhas, analisou laudos periciais e que está fazendo diligências para esclarecer os fatos. No entanto, para o advogado João Paulo Sales Delmondes, que representa a família da jovem, o inquérito está demorando para ser concluído. "Avaliamos que o andamento tem sido muito moroso, com um ano de falta de resposta das autoridades."
No começo deste ano, o advogado fez um pedido de esclarecimento sobre o andamento do inquérito. Na ocasião, disseram a ele que uma troca de delegados atrasou a investigação, conduzida pela 24ª DP, localizada no bairro de Piedade, zona norte do Rio.
Delmondes diz que a demora é prejudicial à família. "[A conclusão] poderia trazer, no mínimo, um sentimento de justiça", diz ele, acrescentando que a morosidade também é negativa para a imagem da instituição.
"Gera desconfiança e a sensação de que um caso que chocou o mundo não foi levado a sério. A resposta deve ser rápida, servir de exemplo e evitar novas tragédias."
Quando a jovem morreu, fãs disseram que falhas da Time for Fun, a T4F, empresa que organizou o show, teriam contribuído para o incidente.
Em um vídeo publicado nas redes sociais seis dias depois da morte, Serafim Abreu, o CEO da T4F, reconheceu que a empresa poderia ter tomado atitudes como criar áreas de sombra nas zonas externas no estádio do Engenhão, no Rio, alterar o horário dos shows da cantora e enfatizar a possibilidade de entrada nos estádios com copos de água descartáveis.
Em fevereiro, Abreu prestou depoimento e disse que, desde a primeira apresentação, foram instalados 23 pontos de hidratação, com funcionários distribuindo água. Depois da tragédia, afirma ele no documento, a empresa contratou mais 200 colaboradores para distribuição de água e orientação sobre hidratação.
ENTENDA O CASO
Ana Clara tinha 23 anos e cursava psicologia na Universidade Federal de Rondonópolis, em Mato Grosso.
Ela passou mal em uma apresentação de Swift no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Na ocasião, com cerca de 60 mil pessoas no espaço, o termômetro marcava perto dos 40ºC, mas a sensação térmica beirava os 60ºC.
Exposta ao calor, ela teve uma parada cardiorrespiratória com um quadro de choque cardiovascular e comprometimento grave dos pulmões, o que evoluiu para a sua morte súbita.
Segundo o laudo, a jovem morreu em decorrência de uma exaustão térmica que comprometeu seus pulmões. Segundo um enfermeiro, ela chegou a ser reanimada no estádio por cerca de 40 minutos. No caminho do hospital, ela teve uma segunda parada cardíaca.
O caso gerou comoção e provocou mudanças em eventos de grande porte. Em agosto, o governo federal publicou uma portaria obrigando shows e festivais a retomarem o fornecimento de água gratuita e a garantirem outras medidas de segurança pelo menos até o Natal, quando a decisão será reavaliada.
A medida é similar a outra publicada no ano passado, prevendo a distribuição de água em grandes eventos após a morte de Ana Clara.
CRÍTICAS A TAYLOR SWIFT
As críticas não se restringiram apenas à empresa que organizou o show. A postura de Swift foi considerada fria e distante. À época, ela compartilhou no Instagram uma nota dizendo que estava desolada, mas não falaria mais, nem nas redes nem nos palcos, sobre a fã morta.
As queixas voltaram a surgir em fevereiro deste ano, quando a cantora doou US$ 100 mil à família de uma fã morta durante um tiroteio nos Estados Unidos. Internautas compararam as duas situações e disseram que faltou a mesma empatia em relação à morte de Ana Clara.
À época, a família da jovem precisou abrir uma vaquinha para conseguir fazer o translado do corpo do Rio de Janeiro para Mato Grosso do Sul.
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