Três médicos foram assassinados na madrugada desta quinta-feira (5) em um quiosque de praia na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. Um quarto médico ficou ferido e foi levado para o Hospital Municipal Lourenço Jorge, no mesmo bairro.
Dois dos mortos são de São Paulo e o terceiro é da Bahia. As vítimas são Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, e Perseu Ribeiro Almeida, 33. Eles estavam na cidade para participar de um congresso internacional de ortopedia.
Bomfim era ortopedista e irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (SP) e também cunhado de Glauber Braga (RJ) - que é casado com Sâmia. Ambos parlamentares são do PSOL, partido da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018. O partido divulgou comunicado em que cobra apuração "rigorosa e eficiente" do caso.
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O crime aconteceu por volta da 1h, em frente ao Windsor Hotel, área nobre do bairro. Imagens de câmeras de segurança mostram que os quatro médicos estavam sentados em uma mesa do quiosque quando três homens, vestidos com roupas pretas, desceram de um carro branco parado do outro lado da via e começaram a atirar no grupo.
Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltam correndo ao veículo e vão embora sem roubar nada. As imagens mostram também que outros clientes do quiosque testemunharam o ataque e saíram correndo para não serem feridos.
A Delegacia de Homicídios da Capital investiga o crime. Ainda na madrugada, foi realizada perícia no local do crime e no quarto das vítimas no hotel em que estavam hospedadas. Celulares dos médicos foram apreendidos.
Investigadores ouvidos pela “Folha de S.Paulo” afirmam que a polícia trabalha com a hipótese de execução, já que os criminosos chegam a retornar ao local e realizar mais disparos. Além disso, a princípio, nada teria sido levado das vítimas.
Uma testemunha que estava no quiosque e prestou depoimento afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos. Mais testemunhas estão sendo ouvidas e imagens de câmeras de segurança são analisadas para identificar o veículo que transportou os suspeitos.
O médico que sobreviveu ao ataque, Daniel Sonnewend Proença, está internado no Hospital Municipal Lourenço Jorge, para onde foi levado após ser baleado. Ele foi atingido por disparos na perna. Segundo a Secretaria de Saúde do Rio, o estado de saúde dele é estável.
A “Folha de S.Paulo” apurou que o médico teve um agravamento no quadro de saúde e passa por uma laparatomia exploratória para investigar uma possível hemorragia interna.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, também classificou como execução o assassinato e disse que determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações, considerando que um deles era ligado a dois deputados federais.
"Em face da hipótese de relação com a atuação de dois parlamentares federais, determinei à Polícia Federal que acompanhe as investigações sobre a execução de médicos no Rio. Após essas providências iniciais imediatas, analisaremos juridicamente o caso. Minha solidariedade à deputada Sâmia, ao deputado Glauber e familiares", escreveu o ministro.
O governador do Rio, Claudio Castro (PL), postou em suas redes sociais que determinou o emprego de todos os recursos pela Polícia Civil do estado para a descoberta a autoria do crime.
A AMB (Associação Médica Brasileira) diz ter recebido "com consternação a notícia dos assassinatos". "Soma-se a este trágico ocorrido o médico Daniel Sonnewend Proença, que sobreviveu a este ataque criminoso e encontra-se hospitalizado. É mais um episódio chocante, produto da violência sistêmica que historicamente parece ser negligenciada no país. Conclamamos as autoridades à célere investigação, apuração dos fatos e à punição dos criminosos."