A apreensão de maconha registrada nas delegacias de polícia de São Paulo representa 76,47% de toda droga recolhida entre janeiro do ano passado e maio deste ano. Das 9,6 toneladas de entorpecentes apreendidas, 7,36 toneladas são da erva, seguida por cocaína (1,8 tonelada). A "liderança" da planta é histórica: se mantém desde 2007, ano mais distante na relação obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação.
A maconha é uma droga que pesa mais: os usuários precisam de porções maiores do entorpecente para o uso, segundo a polícia. É também a mais consumida. O Levantamento Nacional Antidrogas (Lenad), pesquisa feita em 147 municípios em 2012, apontou que 6,8% dos brasileiros já a experimentaram. E 2,9% haviam usado ao menos uma vez no ano anterior.
O destaque no perfil das drogas apreendidas nas delegacias de São Paulo é o crescimento repentino de uma quarta categoria, que a Polícia Civil registra apenas como "outras". Trata-se principalmente de drogas sintéticas, como ecstasy e LSD, além de lança-perfume e, mais raro, heroína e haxixe. Só entre janeiro e maio deste ano, foram aprendidos 180 quilos de drogas classificadas como "outros" na cidade. No ano passado inteiro, haviam sido apreendidos 100 quilos. E em 2014, apenas 25 quilos.
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A pesquisadora Clarice Madruga, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), uma das coordenadoras do Lenad, afirma que o crescimento do uso de drogas sintéticas é um fenômeno mundial. "Em São Paulo, a polícia não tem instrumentos para detectar corretamente o que é cada droga sintética. Classificam tudo como ecstasy, mas não sabem o que é realmente", afirma.