Quase seis meses depois, o processo que apura o latrocínio do empresário Rafael Francisco Martins, 48 anos, que era dono de uma agência de entregas rápidas, terá sua primeira audiência de instrução nesta quinta-feira (14), a partir de 13h30, na 4ª Vara Criminal. Nove testemunhas convocadas pelo Ministério Público, como três investigadores e o delegado Thiago Vicentini, que participou da investigação e hoje está na DCCO da Polícia Civil (Divisão de Combate a Corrupção), devem ser ouvidas. A esposa da vítima, que estava no carro atingido e sobreviveu, também prestará depoimento.
O crime aconteceu na noite de 19 de setembro. Rafael e a cônjuge passavam pelo cruzamento das ruas Engenheiro Francisco Adalberto Nogueira e Paulo César Fraga Abelha, a poucos metros do condomínio de alto padrão onde ele morava, quando foram abordados por três pessoas. O inquérito demonstrou que o tiro na cabeça foi efetuado depois que o motorista, já rendido, tentou tirar o cinto de segurança.
Dos suspeitos, dois foram presos em flagrante no dia seguinte no jardim Olímpico, zona oeste. A mulher de Rafael memorizou a placa do Palio prata usado para fuga depois da tentativa de assalto. Martiliano Bispo Pereira e Mateus Farias Alves da Silva. O primeiro confessou envolvimento, mas o segundo insistiu que não teve qualquer ligação com o caso. Em outubro, o juiz Luiz Valério dos Santos, que vai comandar a audiência desta quinta, mandou soltar o rapaz. Na decisão, explicou que ele "não representa perigo à ordem pública. Não há indícios de que, caso solto, ameaçaria testemunhas. Não há razão para deduzir que venha a fugir".
A possível participação de Mateus foi descartada até mesmo por outro acusado. Lucas Oliveira de Souza, 18, foi detido por investigadores da 10ª Subdivisão Policial (SDP) quando tentava embarcar em um ônibus na rodoviária de Apucarana, a quase 60 km de Londrina. Ele também assegurou que estava na hora em que Rafael Martins. O projétil que atingiu o empresário resvalou na mandíbula de Souza, que resolveu não procurar o hospital para tratar o ferimento com medo de ser preso.
O Ministério Público denunciou Lucas e Martiliano pelo latrocínio. Mateus responde por favorecimento pessoal, já que a investigação apontou que ele teria oferecido o veículo utilizado pelos criminosos. O tempo passou e o autor do disparo, um adolescente, ainda não havia sido localizado. Ele só se apresentou com um advogado no início de fevereiro e terminou acusado por ato infracional equiparado ao latrocínio.
"A expectativa é mostrar que o Martiliano não foi para matar ninguém, mas cometer apenas o roubo. Já para o Mateus, duas testemunhas chamadas pelo promotor e apresentadas pela defesa ainda na fase de inquérito vão poder ratificar que ele não estava na cena do crime e muito menos sabia que o Palio tinha sido usado no assalto", disse o advogado Leonardo Martins Félix, que defende os dois jovens. Para o advogado Renê Chiquetti Rodrigues, "a estratégia neste momento se resume a uma confrontação técnica das provas para ver o que realmente se confirma acerca da responsabilidade de cada um dos acusados".