A defesa do tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, 30, requisitou à Polícia Civil que seja feita a reconstituição da morte de Leandro Lo Pereira do Nascimento, 33, com base nos depoimentos dos amigos que acompanhavam o lutador de jiu-jítsu.
Velozo está detido no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte paulistana desde a noite domingo (7). Ele se apresentou à Corregedoria da PM horas após atirar na testa de Lo dentro do Esporte Clube Sírio, no Planalto Paulista, zona sul, durante um show do grupo Pixote.
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O pedido de reconstituição foi encaminhado nesta terça-feira (16) ao delegado do 16° DP (Vila Clementino), responsável pela investigação do caso.
"Esta reprodução simulada dos fatos tem como objetivo elucidar as duvidas consistentes que ainda emanam dos autos, especialmente acerca da dinâmica dos atores do evento, postura dos personagens, trajeto e trajetória do disparo efetivado", afirma o criminalista Claudio Dalledone.
Segundo o advogado da família do lutador, Ivã Siqueira Junior, testemunhas disseram que os dois se desentenderam após Velozo entrar na roda de amigos de Lo, pegar uma garrafa de bebida e começar a chacoalhá-la. De acordo com os relatos, o policial tentava provocar o atleta.
Lo teria em seguida derrubado o tenente e o imobilizado. Outras pessoas se aproximaram e separaram a briga, sem ter havido agressões, ainda segundo relatos.
Velozo teria, então, sacado a arma que levava na cintura e atirado uma única vez na cabeça do lutador, que foi atingido na testa. A vítima chegou a receber os primeiros socorros de um médico no local e foi levada ao hospital, mas não resistiu.
Dalledone diz ter ouvido uma outra versão do PM. "A ação dele é uma ação legítima. Ele foi ali cercado por seis lutadores de jiu-jítsu", disse à reportagem. Questionado, o defensor não respondeu se Velozo foi agredido pelo grupo.
O advogado do policial já havia solicitado à Polícia Civil exames no corpo do lutador. Entre os pedidos da defesa estão exame complementar de alcoolemia, além de que seja especificada a pesquisa laboratorial para o uso de anfetaminas e drogas.
Restituição de celular Dalledone diz que também pediu à Justiça a restituição do aparelho celular do tenente.
A medida ocorre após familiares do lutador afirmarem que houve movimentações no perfil do PM em uma rede social.
Segundo o advogado, o aparelho entregue pelo tenente no ato de sua prisão "esta sendo ilegalmente acessado, modificado e bisbilhotado".
"A conta da rede social Instagram do policial Velozo foi ilegalmente invadida e modificada. A conta, que ate então era fechada, foi ilegalmente aberta e publicizada para tudo e todos", diz trecho da nota encaminhada pelo advogado.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) nega que o aparelho tenha sido acessado. "O aparelho está protegido por senha de acesso, a qual não foi fornecida pelo investigado, portanto, o mesmo não foi acessado nem utilizado", disse a pasta, em nota.
O celular entregue pelo policial está no Instituto de Criminalística, após já ter passado pela Corregedoria da PM e pela Polícia Civil.
Ainda conforme Dalledone, o celular do policial possui duplo fator de autenticação, o que tornaria uma possível modificação mais difícil, com o uso obrigatório do celular e do chip cadastrado.
"Mesmo que eventualmente exista uma autorização judicial para a extração dos dados contidos no aparelho, importa dizer que essa autorização não e um salvo conduto para fazer o que se bem entende", disse.
Segundo a PM, nenhum interno do Presídio Militar Romão Gomes, bem como os visitantes e advogados, tem permissão para usar aparelhos telefônicos, tampouco acesso à internet.