O médico Sandro Abel Arredondo Lugo, de 45 anos, diretor de medicina da Universidade Central do Paraguai, assassinado a tiros na noite de quarta-feira, 27, em Pedro Juan Caballero, foi vítima da guerra pelo controle do tráfico na fronteira com o Brasil, segundo a polícia paraguaia. O alvo dos atiradores era o piloto Fernando Olmedo Calonga, que foi atingido por dois tiros, mas sobreviveu. Um segurança dele também morreu.
Calonga foi piloto do narcotraficante Jorge Rafaat, executado em 2016, e sua morte teria sido ordenada pelo grupo do brasileiro Jarvis Chimenes Pavão, ligado à facção carioca Comando Vermelho. Na noite desta quinta-feira, 28, Calonga foi transferido do hospital em que estava internado, após informações de que seria alvo de novo atentado.
O médico e o piloto não estavam juntos, mas acompanhavam os respectivos filhos numa prova de motocross, em Pedro Juan Caballero, próximo da linha de fronteira com o Brasil, quando o local foi cercado por 12 pistoleiros armados com pistolas e fuzis. O bando chegou em três caminhonetes com placas brasileiras e abriu fogo contra as pessoas que estavam no local. Além de Lugo, o segurança Leandro Franco também morreu. O irmão dele, Arnaldo Franco, foi baleado, mas sobreviveu.
Testemunhas disseram que parte dos atiradores fugiu para a cidade brasileira de Ponta Porã (MS). Ainda segundo a Polícia Nacional do Paraguai, o ataque teria sido ordenado por membros do grupo do brasileiro Jarvis Chimenez Pavão, ligado ao Comando Vermelho. Pavão teria participado do planejamento da morte de Rafaat, assassinado durante uma ação cinematográfica em Pedro Juan.
Extraditado para o Brasil em dezembro de 2017, ele cumpre pena em penitenciária federal, mas deixou sucessores na fronteira. Seu seguidores tramaram a morte de Calongo em represália ao assassinato do também piloto Jorge Enrique Fernández, de 27, morto a tiros, no último dia 19, em Ponta Porã. Calongo já havia sido alvo de atentado em setembro de 2015, em Pedro Juan. Ele sobreviveu após ser atingido por dois tiros na cabeça.
Protesto
Alunos e professores do campus da Universidade Central em Pedro Juan Caballero, onde Lugo lecionava medicina inclusive para muitos estudantes brasileiros, saíram em marcha com faixas e balões, nesta quinta-feira, pedindo "paz". A marcha cruzou a fronteira e terminou no Memorial "Pax", em Ponta Porã. O governador do departamento de Amambay, Ronald Acevedo, criticou a falta de segurança na região que, segundo ele, está à mercê do crime organizado.
O delegado regional da Polícia Civil em Ponta Porã, Mikail Faria, informou que sua equipe acompanha o caso acontecido na vizinha cidade, em conjunto com a Polícia Militar, e colabora com a polícia paraguaia. Segundo ele, ainda não foram encontradas evidências de que os pistoleiros atravessaram a fronteira para o lado brasileiro.