A cada três detidos pela Polícia Civil em Londrina, um é menor de idade. Durante todo o ano de 2013, foram registradas 1.845 autuações na cidade, sendo 35% de adolescentes. "A sensação de impunidade faz com que cada vez mais jovens entrem para o mundo do crime", destacou o delegado-chefe da 10.ª Subdivisão Policial de Londrina, Márcio Amaro.
De acordo com o levantamento, 414 pessoas foram autuadas por tráfico de drogas no ano passado. Mais da metade (220) eram adolescentes. "Certos de que não serão delatados, os traficantes empregam os menores de idade. Quando o adolescente é detido, tem medo de denunciar para quem trabalha por que sabe que a represália vem de imediato", explicou o delegado.
Amaro também chama atenção para o fato de que os menores estão preferindo o roubo ao furto. "De uns anos para cá, a polícia registrou uma migração de ocorrências de um crime para o outro. Os adolescentes não se satisfazem mais com pequenos furtos. Já estão assaltando a mão armada por que sabem que vão conseguir um melhor resultado. Tudo para alimentar o vício ou deixar de ser menos favorecido", observou.
Em 2013, 119 adolescentes foram autuados por roubo em Londrina. O número equivale a 36% do total de ocorrências (331). Já os furtos cometidos por menores foram 69 no ano passado, queda de 25% se o número for comparado aos 93 casos do tipo registrados em 2012.
Os adolescentes também são os maiores homicidas. Seis deles foram apreendidos no ano passado acusados de assassinato. O número de menores de 18 anos suspeitos de homicídio é maior na comparação com as demais faixas etárias, que registraram quatro casos cada. "Os jovens são mortos e também matam por conta do tráfico. Sempre tem uma desavença, um acerto de contas", resumiu Márcio Amaro.
O grau de instrução dos menores apreendidos também chama a atenção. Mais de 70% deles não têm nem o Ensino Fundamental. "A relação é estreita. Não vamos resolver o problema de uma hora para outra. Precisamos continuar com o trabalho policial, mas o investimento na educação é primordial", ressaltou o delegado.
O delegado também criticou a proposta de redução da maioridade penal. "A pena máxima de um adolescente é de três anos, mas ele fica internado 45 dias e já é solto, por que o juiz não consegue julgar. Temos que conscientizar os menores que ainda são novos no mundo do crime e punir com penas mais severas aqueles que cometeram crimes mais graves, como homicídio ou latrocínio. Só assim vamos conseguir diminuir a sensação de impunidade", argumentou.