Paraná

Treinamento de socorristas desenvolvido na UEM será adotado pelo Corpo de Bombeiros

10 ago 2023 às 11:46

Uma pesquisa do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas da UEM (Universidade Estadual de Maringá) originou um manual para treinamento de profissionais socorristas. A metodologia reduz o tempo para o resgate de vítimas de acidentes veiculares e foi incorporada aos cursos do Corpo de Bombeiros do Paraná, com previsão para ser aplicada ainda em 2023. O estudo foi feito pelo estudante de mestrado Édson Dalla Valle em 2021.


A proposta, chamada de “Prosalve – Modelo de Capacitação Profissional no Salvamento Veicular: proposição e teste experimental”, torna o resgate mais eficaz, ou seja, de forma mais rápida e assertiva.


Bombeiro militar há 17 anos, Dalla Valle relata que o estudo passou por algumas etapas em que avaliou metodologias já consolidadas. “O trabalho de pesquisa buscou, inicialmente, compreender os processos envolvidos no atendimento pré-hospitalar, desde o histórico dos incidentes de trânsito até o tratamento intra-hospitalar. Investigamos os procedimentos adotados nos atendimentos em que as vítimas ficavam presas às ferragens, buscando na literatura o melhor arranjo de ensino num salvamento de acidente veicular”, detalha.


Com o conhecimento estruturado, o pesquisador elaborou uma proposição e aplicou testes em dois grupos de pessoas para avaliação. O grupo de tratamento, que seguiu as orientações do Prosalve, e o grupo de controle, que usou a metodologia convencional.


Doutor em Sociologia, o professor Ednaldo Aparecido Ribeiro, do Departamento de Ciências Sociais da UEM, orientador do trabalho, pontua que a proposta obteve resultado positivo depois da comparação. “O grupo experimental que foi submetido a esse protótipo de treinamento, seguindo o padrão ouro da literatura, teve ganho de eficiência, de qualidade no atendimento”, salienta.


PROSALVE


O estudo mapeou quatro métodos amplamente empregados no treinamento de resgatistas para propor uma nova metodologia. De acordo com o pesquisador, um ponto importante detalhado no manual é a Etapa de Reconhecimento 360º. Nessa fase, o resgatista reconhece visualmente o cenário e avalia as condições para as tomadas de decisões em relação aos riscos e ao resgate das vítimas.


“As evidências do ganho de tempo no treinamento aparecem em todas as etapas, pois quando cronometradas acompanhamos a sua evolução quantitativamente. É certo que se houver uma boa avaliação inicial do cenário, as tomadas de decisões serão mais assertivas, influenciando diretamente no tempo de resposta”, diz.


Na nova metodologia, após avaliar o cenário cuidadosamente, o profissional toma decisões mais assertivas para os resgates. “A tomada de decisão está intimamente ligada com o processo de capacitação de profissionais em resgate, principalmente por se tratar de ambientes complexos e com riscos aos envolvidos, os resgatistas estão sob influência de fatores relacionados com os processos cognitivos de aprendizagem, adquiridos em treinamentos e com a experiência profissional ao longo da carreira”, coloca o autor da pesquisa.


Dalla Valleque, que faz parte da Câmara Técnica de Salvamento Veicular do Corpo de Bombeiros do Paraná, apresentou o novo método ao colegiado como sugestão para os treinamentos e instruções da corporação.


O presidente da Câmara, Major Ícaro Gabriel Greinert, afirma que a avaliação seguiu critérios para então ser aprovada. “Ele apresentou ao Corpo de Bombeiros a metodologia, que foi analisada e avaliada pela Câmara Técnica de Salvamento Veicular, passou por diversas comissões, diversos especialistas, e foi considerada totalmente pertinente. Concluímos o estudo e o método será utilizado na corporação. A nova metodologia será aplicada como piloto nos cursos de formação de sargentos”, comenta.


MESTRADO PROFISSIONAL

O PPP (Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas) da UEM propõe trabalhos de pesquisa voltados para o aprimoramento da gestão pública a partir da proposição de novas políticas públicas.


O professor destacou que há muitos exemplos de trabalhos de conclusão de cursos já implementados ou encaminhados para diferentes órgãos públicos. “Os trabalhos de conclusão precisam de alguma maneira se conectar a uma área específica pública, de preferência gerando um produto de intervenção como este. Desenvolvemos trabalhos que resultaram, por exemplo, em projetos de lei encaminhados à Assembleia Legislativa do Paraná para criação de um programa ou de uma política pública específica”, frisa o docente.


Segundo o professor, há outros trabalhos que se tornaram instrumentos de avaliação. “Nós temos um instrumento de avaliação de ouvidorias, por exemplo. Mas há muitas variações, todos eles de alguma maneira geram um produto que pode ser aplicado e realizar uma intervenção e políticas públicas em nível estadual ou municipal”, ressalta.


O PPP é resultado de uma parceria entre a Seap (secretaria de Estado da Administração e da Previdência), por meio da EGP (Escola de Gestão), e a Seti (secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), por meio da UEM. O programa contempla quatro linhas de pesquisa: Processos Participativos em Políticas Públicas; Políticas de Saúde e Educação; Políticas Públicas e Desenvolvimento; e Justiça, Segurança Pública e Cidadania.


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