Recém associadas na telefonia móvel brasileira, a Telefônica e a Portugal Telecom, que já são rivais em portais da web, se preparam para um outro embate, desta vez no disputado segmento de comércio eletrônico entre empresas, o B2B. Sem fazer alarde, as companhias trouxeram para o país seus braços de comércio eletrônico e já fazem transações, ainda que não abertas a outros participantes. Os investimentos passam dos US$ 35 milhões entre os dois grupos.
A Telefônica criou a Katalyx, que já tem quatro companhias sob seu guarda-chuva ligadas a comércio na internet. Para as transações entre empresas, de compra e venda de materiais indiretos, a Katalyx criou a Adquira, que usa o software Ariba. Segundo Celso Azanha, diretor geral da Katalyx no Brasil, o site já tem 12 compradores e 30 fornecedores cadastrados fazendo negócios.
A Telefônica não será a única, mas pretende ser a sócia majoritária na Adquira. "Em duas semanas, iremos anunciar os dois primeiros sócios. Junto com a Telefônica, eles compram R$ 3 bilhões em materiais indiretos", diz Azanha.
A Portugal Telecom, por sua vez, escolheu o software concorrente Commerce One para embasar o sistema de compras da Tradecom, seu braço para operações de comércio eletrônico. Ela, porém, optou por uma participação minoritária nos negócios. A Tradecom International, cuja sede foi estabelecida na Holanda, tem 53,3% de seu controle nas mãos do Unibanco, 26,7% com o Banco Galicia, da Argentina, e 20% nas mãos da Portugal Telecom.
A holding já tem duas filiais, na Argentina e no Brasil, e se prepara para, em cerca de um mês, também anunciar novos sócios, segundo Marco Tulio Rodrigues, principal executivo da Tradecom Brasil.
O site brasileiro faz, hoje, operações de compra e venda de materiais indiretos da Telesp Celular, controlada pela Portugal Telecom, e do próprio Unibanco. Rodrigues não divulga quanto é o volume de compras das duas companhias, mas espera que o site realize transações, este ano, equivalentes a US$ 500 milhões.
Em relação à entrada da Adquira, da Telefônica, no segmento, a Tradecom critica a demora da empresa em divulgar os novos sócios e a escolha da Ariba, que vive problemas financeiros, mas reconhecem que se trata de um concorrente de peso.
Apesar da disputa, os grandes conglomerados de telecomunicações têm a seu favor o fato de incluírem seu próprio volume de compras em seus sites, além da sinergia entre as várias empresas dos grupos. Nos últimos meses, eles têm se mostrados mais cautelosos em relação a seus projetos, mas acreditam que estarão entre os poucos a sobreviver no difícil mercado de comércio eletrônico brasileiro.
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