O Senado vai investigar o Banestado. O senador Antero Paes de Barros (PSDB/MT) apresentou na última terça-feira, um requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a evasão de divisas através do extinto banco estatal paranaense Banestado - vendido para o Banco Itaú em outubro de 2000.
O senador obteve o apoio da bancada tucana e de outros parlamentares conseguindo 37 assinaturas para o requerimento - 10 a mais do que o necessário - mesmo tendo conhecimento de uma proposta idêntica da senadora Ideli Salvati (PT).
''Era um requerimento para engavetar. Eu e o senador Alvaro Dias (PDT/PR) dissemos para a senadora que ela teria uma semana para apresentar o requerimento e mesmo assim ela não o fez'', disse Barros.
''Primeiro que uma CPI tem poderes para convocar pessoas, quebrar sigilos bancários. Além disso, todos que foram ouvidos na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado disseram que era imprescindível a criação da CPI. Não vejo porque não acelerar a instalação'', justificou.
A Comissão de Fiscalização e Controle do Senado já ouviu os procuradores da república Luiz Francisco de Souza, Valquíria Quixadá e Raquel Branquinho, o delegado da Polícia Federal José Castilho Neto e o perito Renato Barbosa, que investigam o caso. ''O delegado disse que tem empresário, político e narcotraficante envolvido nisso (remessas supostamente ilegais para o exterior). Temos que estimular a CPI e aprofundar as investigações'', complementou o senador.
Sobre as denúncias de que haveria uma conta no banco Chase, de Nova York, denominada ''Tucano'', que teria recebido US$ 56 milhões de uma conta aberta no Banestado de Nova York, seguindo depois para paraísos fiscais, Barros afirmou que precisam ser averiguadas.
''Primeiro, se tem tucano envolvido, deve ser preso, como de qualquer outro partido, mas concordo com a opinião do líder, senador Arthur Virgílio, que acha que não é de tucano essa conta. Se for, tem que ser preso duas vezes: porque é corrupto e burro'', afirmou.
''Ele (Barros) apresentou o requerimento. Agora está tudo com a Mesa do Senado'', resumiu Ideli sobre a iniciativa do senador. O requerimento deverá ser analisado pela Mesa Diretiva e não há previsão para a definição se o requerimento será acatado ou não.
Entre os anos de 1996 e 1999, estima-se que cerca de US$ 30 bilhões tenham sido remetidos para o Banestado de Nova York pelas contas CC-5. Mesmo se confirmada a irregularidade do dinheiro, somente a metade poderá ser repatriada. O crime de lavagem de dinheiro sobre as remessas de 1996 e 1997 já prescreveu.