No começo de junho, o Governo do Paraná atualizou, por meio do Decreto 6.040/2024, a Lista de Espécies da Fauna Ameaçada no Estado. O levantamento inclui 330 espécies, das quais 46 podem ser encontradas no RBV (Refúgio Biológico Bela Vista), mantido pela Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu.
O Refúgio é referência em conservação de fauna e flora, especialmente para outras empresas do setor elétrico. A unidade de conservação ocupa uma área de 1.780 hectares e é reconhecida como um posto avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Entre as espécies consideradas criticamente em perigo, estão: a harpia (Harpia harpyja), o mutum-de-penacho (Crax fasciolata), a anta (Tapirus terrestris), o bugio-ruivo (Alouatta guariba), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e a onça-pintada (Panthera onca).
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Essas espécies estão sob risco extremamente alto de extinção na natureza, conforme a classificação da Sedest (Secretaria de Estado Desenvolvimento Sustentável), do IAT (Instituto Água e Terra) e do Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais, que elaboraram o documento.
Arara-vermelha (Ara chloropterus), jacutinga (Aburria jacutinga), maracanã (Primolius maracana), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e gato-maracajá (Leopardus wiedii) são as espécies consideradas “em perigo”, ou seja, tem risco muito alto de extinção na natureza.
Enquanto isso, o gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus), a paca (Cuniculus paca), a lontra (Lontra longicaudis) e o veado-bororó (Mazama nana) são considerados “vulneráveis”, ou seja, apresentam risco alto de extinção.
Entre os programas desenvolvidos pela equipe do Refúgio na área de reprodução e conservação de espécies silvestres ameaçadas de extinção destacam-se os da harpia, das onças-pintadas e do mutum-de-penacho.
O RBV tem, atualmente, o maior plantel de harpias no mundo, com 31 exemplares da espécie. Algumas já foram enviadas até mesmo para o exterior.
Um intercâmbio com a Argentina enviou 29 mutuns-de-penacho para a Fundação Rewilding Argentina, para serem reintroduzidos à natureza no Gran Parque Iberá. Os mutuns, espécie considerada extinta na região havia 50 anos, já se reproduziram na natureza, ajudando a recompor o ecossistema da região.
O Refúgio faz parte do Programa Nacional de Manejo Ex Situ da Onça-Pintada, coordenado pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, do Ministério do Meio Ambiente.
Em setembro de 2023, a onça-pintada Cacau, nascida no Refúgio, foi levada para Corumbá de Goiás, para uma tentativa de acasalamento.
O trabalho que o Refúgio desenvolve tem como objetivo ajudar na reprodução e contribuir para a manutenção da genética dos animais da Mata Atlântica e permitir possíveis futuras reintroduções e revigoramento de áreas onde as espécies já foram ou estão perto de ser extintas.
A Lista de Espécies da Fauna Ameaçada no Paraná foi tema de palestra durante o 47º Congresso da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, realizado em Curitiba, de 18 a 21 de junho. O tema desta edição foi “Zoológicos e Aquários como espaços de conexão com a natureza”.
A médica veterinária Aline Konell representou a Itaipu no evento. Dois trabalhos da equipe do Refúgio foram enviados ao Congresso para apresentação em formato de pôster.
Um deles foi “Linfoma gástrico com acometimento medular em quati (Nasua nasua)”, assinado por Aline Konell, Michelle Perez, Monique Picolotto, Reinaldo S. Junior, Pedro Teles, Marcos Oliveira e Fabiana Stamm.
Já o segundo trabalho foi “Avaliação de diferentes enriquecimentos ambientais fornecidos para duas jaguatiricas (Leopardus pardalis) no Refúgio Biológico Bela Vista da Itaipu Binacional”, assinado por Aline Konell, Adriano Bakes Schneider, Pedro Teles, Marcos Oliveira e Fabiana Stamm.