Paraná

Qualidade da água está sob suspeita

01 jul 2001 às 16:59

A qualidade da água distribuída em Curitiba e região metropolitana pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) está sob suspeita. Atualmente, três órgãos estão investigando se a água tratada pela Sanepar pode trazer riscos à saúde da população. A Coordenadoria de Defesa do Consumidor (Procon) destacou uma equipe para analisar amostras coletadas em diversos pontos da cidade, depois que o número de atendimentos referentes a Sanepar aumentou 82% em menos de um ano.

O Ministério Público apura denúncia protocolada pelo deputado federal Max Rosenmann (PSDB) de que a empresa estaria utilizando cloro em excesso para tratamento da água e uma Comissão Especial de Investigação da Câmara dos Vereadores de Curitiba está avaliando os resultados de análises divulgados pela Sanepar para atestar a qualidade da água consumida.


Os problemas começaram no final do ano passado, com a proliferação de algas nas represas que abastecem a população em Curitiba e região metropolitana. Segundo especialistas entrevistados pela reportagem da Folha, estas algas seriam responsáveis pelas alterações na cor, gosto e cheiro da água distribuída. A Sanepar atesta que essas mudanças não comprometem a qualidade da água. Na dúvida, diversas análises estão sendo realizadas.


Somente o Procon coletou amostras em 14 pontos de distribuição da cidade. Em quatro deles (Batel, Bacacheri, Alto da Glória e Cajuru) as análises precisaram ser repetidas porque os resultados não foram satisfatórios. Os exames são realizados em conjunto com o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). A conclusão deles ainda não foi divulgada pelo órgão.


A medida foi tomada depois que o Procon constatou aumento demasiado no número de reclamações contra a Sanepar. No primeiro semestre do ano passado, o órgão atendeu 481 procedimentos relacionados a empresa. De janeiro a 29 de junho deste ano, já foram 876 atendimentos. O coordenador do Procon, Naim Akem Filho revela que o Procon não podia ficar impune a esse aumento. ""Só os procedimentos normais não foram suficientes para darmos uma resposta à população"", ressalta.


Com as análises independentes, o Procon quer tranquilizar os consumidores e saber se a população precisa tomar alguma medida de proteção se a água continuar apresentando alterações. Caso seja comprovado que a água consumida possa trazer algum problema, o Procon, garante Akel Filho, vai tomar medidas mais drásticas, como aplicação de multa e instauração de processo no Ministério Público.


O MP já atende a denúncia instaurada contra a Sanepar, protocolada pelo deputado federal Max Rosenmann. O deputado tucano atesta que a denúncia foi baseada em informações científicas de que o excesso de cloro na água seria cancerígeno. Uma equipe formada por técnicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Pontifícia Universidade do Paraná (PUC) começou essa semana a analisar se a qualidade da água distribuída está comprometida. Os exames ainda não tem data para serem concluídos.

Análises da água, feitas pela Sanepar, também estão sendo avaliadas pela Comissão Especial de Investigação da Câmara de Vereadores de Curitiba. Além de buscar mecanismos que atestem a qualidade da água consumida, a comissão também está verificando se o sistema de coleta e tratamento de esgoto é adequado para atender a população.


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