Paraná

Promotor pede 226 anos para Borelli

19 jun 2001 às 08:51

O Ministério Público do Paraná está solicitando uma pena de 226 anos para Marcelo Borelli, acusado de comandar assaltos contra carros-fortes e aviões e ainda de torturar uma criança. O promotor Francisco Zanicoti entregou ontem à juíza Marcelize Weber, da 1ª Vara Criminal de São José dos Pinhais (Região Metropolitana), as alegações finais sobre o processo. Na edição do último sábado, a Folha já havia adiantado que o Minitério Público pediria mais de 100 anos de condenação para Borelli.

A partir da publicação (daqui a dez dias) da intimição ao advogado de defesa no Diário da Justiça, o representante de Borelli terá cinco dias para apresentar as suas alegações finais sobre o processo. O advogado de Borelli, Júlio Militão, antecipou que as últimas considerações baseiam-se na forma ilícita com que a fita com as gravações de cenas de tortura contra a criança foram encontradas. Disse, que a Polícia Federal entrou na casa de Borelli de madrugada e sem autorização judicial. "Mesmo que eles possuíssem a autorização, só poderiam entrar no local das 6 horas da manhã às 18 horas", justificou.


Depois expirado o prazo da defesa, a juíza terá uma semana para analisar os autos de ambas as partes, para então julgar o caso. Por não se tratar de crime contra a vida -quando o acusado é levado a júri popular- o julgamento será singular. Ou seja, o veredito da juíza será por escrito. Neste caso, não é permitida a presença de ninguém durante o julgamento, nem mesmo do réu.


Conforme o promotor, a pena prevista por cada crime cometido por Borelli é de mais de 10 anos. Nas cenas mais chocantes, ele espancava, afogava e pisava na barriga da criança. "Com base nisso, fiz os cálculos", explicou.


A criança é filha de uma suposta amante de Borelli -que pode ter sido conivente com o ato- com um dos seus comparsas. Em depoimento, o torturador afirmou ter cometido o crime contra a menina para se vingar do pai dela, que teria contado à polícia que Borelli foi o mentor de um assalto a umcarro-forte. No dia em que a polícia encontrou a fita, a criança torturada e a mãe dela dormiam na casa de Borelli, em São José dos Pinhais.

Em Londrina, Borelli é acusado de ser o responsável pelo assalto ao avião da Vasp no ano passado. Em Brasília, pesam sobre ele as acusações de assaltar e roubar dinheiro de outro avião da Vasp. No início do mês passado ele fez refém um carcereiro da Polícia Federal, em Brasília, e conseguiu a remoção para Curitiba. Um dia depois, Borelli teve de retornar para a Capital Federal. O secretário de Segurança do Paraná, José Tavares, alegou que o Estado não possui condições de segurança para abrigar o criminoso.


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