Era para ser mais uma segunda-feira normal de trabalho para a professora de matemática Lilian Cavado Iacomo, 35 anos, no Colégio Estadual Padre José Erions, no Jardim Novo Horizonte, em Rolândia (Norte do Estado). O que ela não imaginava é que seria literalmente colada na cadeira por um aluno de 14 anos, com histórico de problemas disciplinares. A agressão lhe rendeu queimaduras sérias nas pernas.
Lilian contou que eram 13h50 quando entrou para dar mais uma aula para a turma da 6ªsérie. Ela estranhou o fato de que todos os 30 alunos a olhavam com ar de apreensão. ‘Cheguei até a mesa, tirei meus livros e quando sentei já senti minhas pernas queimarem e comecei a gritar e chorar de tanta dor’, recordou, ainda abalada com a humilhação. Ela disse que permaneceu colada na cadeira por cerca de 10 minutos até que outra funcionária da escola chegasse para ajudá-la.
A cola e o verniz do móvel provocaram uma reação química perigosa. Por sorte, a professora usava uma calça jeans, que evitou que a queimadura fosse mais grave. Da sala, a professora seguiu para um hospital e, de lá, direto para a delegacia, onde registrou queixa por lesão corporal.
Com 11 anos de experiência – três somente neste colégio – a professora creditou a agressão à falta de limites por parte dos pais. ‘Eu tenho experiência tanto em colégio particular quanto público e acho que é falta de educação de pai e mãe. Tem coisas que a gente traz de casa mas quando você tenta corrigir na escola eles não aceitam. Os pais, muitas vezes por sentimento de culpa, acabam aprovando’, comentou a professora, apontando que na próxima semana retoma suas aulas no colégio. ‘Já tive meu carro riscado e não posso me intimidar, mesmo sabendo que o professor hoje corre risco de vida’, concluiu.
Uma das vice-diretoras do colégio, Sanlay Miriam Minelli, lembrou que nenhum estudante pode ser expulso. O aluno apontado como o responsável pela agressão foi suspenso por três dias e a direção acionou os pais, a polícia e o Conselho Tutelar. De acordo com Sanley, o estudante envolvido tem um extenso histórico de indisciplina. O colégio tem 1,4 mil estudantes.
O delegado de Rolândia, Walter Helmut, instaurado um procedimento contra três adolescentes – o que efetivamente passou a cola, outro que deu a ‘idéia’ e um terceiro que sabia mas não impediu a agressão. O caso será remetido ao Ministério Público.
Folha de Londrina