Em documento encaminhado à Caixa Econômica Federal (CEF), a Prefeitura de Curitiba solicitou o cancelamento do financiamento para a remodelação da Avenida Cândido de Abreu. A obra integrava o conjunto de sete ações da Matriz de Responsabilidade do município para a Copa do Mundo de 2014.
Segundo informações repassadas pela Prefeitura, a decisão foi tomada porque alterações no projeto tornaram a obra cinco vezes mais cara, o que acarretaria numa contrapartida para o município 83 vezes maior do que o previsto originalmente. Além disso, informa o órgão, não haveria mais tempo hábil para entregar a obra pronta para o Mundial.
No contrato assinado em setembro de 2010, a obra estava avaliada em R$ 5.157.894,74 e o financiamento da CEF tinha o valor de R$ 4.900.000,00. A contrapartida da Prefeitura de Curitiba seria de R$ 257.894, 74, o equivalente a cerca de 5% do valor total da obra.
O poder público municipal alega, contudo, que o projeto não tinha o detalhamento necessário. Em maio de 2012, quando foi detalhado, o custo da obra teria subido para R$ 14.200.000,00. As intervenções previam nova pavimentação da via e instalação de passeios, pontos de parada de transporte coletivo, terraplenagem, sinalização horizontal e vertical, sinalização semafórica, novas galerias de drenagem, iluminação convencional e modernização da sinalização semafórica.
Meses depois, a atual administração municipal concluiu que, além das intervenções já previstas, seriam necessárias obras de drenagem nas duas extremidades da rua e também a instalação de distribuição de energia subterrânea para iluminação da via, que não tinham sido previstas. Com essas novas alterações, o valor final da obra seria elevado para R$ 26.242.000,00, de acordo com estimativas da Prefeitura.
"Desta forma, o financiamento da CEF permaneceria em R$ 4.900.000,00, mas a contrapartida da Prefeitura de Curitiba subiria para R$ 21.342.000,00. Além disso, já não haveria tempo hábil para entregar a obra pronta para a Copa do Mundo de 2014", informou a administração.
"Não temos como arcar com esses valores e tampouco conseguiríamos cumprir os prazos legais previstos na Matriz de Responsabilidade. E investir mais de R$ 26 milhões em 900 metros de uma única avenida, é algo que nos faz pensar uma, duas, vinte vezes. Por isso, a melhor decisão foi pedir a rescisão do contrato de financiamento", disse o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Sérgio Póvoa Pires.