O valor da cesta básica em julho em Curitiba caiu 0,13% em relação ao mês anterior, atingindo R$ 119,52. Essa é a terceira vez consecutiva que a cesta apresentou queda neste ano. Porém, no acumulado de 2001, o preço da cesta básica teve aumento de 9,57%, o que é bem superior aos índices de inflação do período, segundo os dados apresentados pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).
O alimento da cesta básica que teve a maior alta em relação a junho foi o feijão, com variação de 9,03%. Esse produto, em falta no mercado, já acumula alta de 91,6% neste ano. "A alta foi ocasionada pela redução de oferta, em consequência da diminuição da área plantada de feijão no Sul do País em 35%", afirmou o economista do Dieese, Sandro Silva. Segundo ele, os agricultores reduziram o plantio porque o preço do feijão estava muito baixo. "Além disso, nos últimos anos, está havendo redução no consumo médio de feijão no Brasil, sendo substituído pelo macarrão", observou.
O pão teve aumento de 4% em julho, em consequência da alta da farinha de trigo, de 8,33%. O Brasil importa grande quantidade de trigo, e por causa da alta do dólar, o preço do produto teve uma explosão. De acordo com Silva, o preço do tomate, que teve o terceiro maior aumento entre os itens que compõem a cesta (7,26%) deve continuar subindo nos próximos meses. "O Paraná, por causa do clima adverso, não produz tomate suficiente para o consumo, e por isso tem que comprar de outros estados, o que gera custos que são repassados", relatou.
O Diesse esperava deflação ainda maior da cesta básica, porque no início do segundo semestre várias safras entram no mercado, aumentando a oferta e diminuindo o preço. "Apesar da queda, isso não quer dizer que a alimentação está barata, até porque são só 13 os itens que fazem parte da cesta básica", disse Silva. Segundo ele, os índices inflacinários, que pesquisam em torno de 300 produtos, apresentam um panorama mais completo da situação econômica do Brasil atualmente, atingindo altas de até 1% ao mês.
Em comparação com o preço da cesta básica em outras 15 capitais brasileiras, Curitiba ocupa a quarta colocação. O maior preço é encontrado em São Paulo, com R$ 125,68, e a mais barata em Salvador, com R$ 93,73.
De acordo com o Dieese, o custo mínimo para uma família curitibana (um casal e dois filhos) se alimentar em julho foi de R$ 358,56, o que representa quase dois salários mínimos.