Paraná

Petrobras contesta prejuízos com vazamento em Morretes

02 jul 2001 às 16:01

A Transpetro - empresa subsidiária da Petrobras responsável pelos dutos e terminais da empresa - nega que a redução de produtividade reclamada pelos agricultores que possuem terras às margens dos rios do Meio e Sagrado, na Serra do Mar, seja consequência do vazamento de óleo, ocorrido em 16 de fevereiro.

Na ocasião, um poliduto usado para transporte de combustível entre a Refinaria de Araucária (Repar), na região Metropolitana de Curitiba, e o Porto de Paranaguá rompeu, provocando o vazamento de 52 mil litros de óleo em direção aos rios.


Segundo o gerente da Transpetro no Paraná, Luiz Vicente Ferreira da Costa, logo após o acidente, nos meses de fevereiro e março, foram contratadas empresas especializadas e técnicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que analisaram amostras do solo de propriedades ao longo dos dois rios mais atingidos (do Meio e Sagrado), e constararam que o solo estava isento de óleo. "Nós inclusive distribuímos aos proprietários ribeirinhos cópias destes laudos, dando conta de que o solo não estava contaminado", diz Costa.


Os agricultores da região, no entanto, acreditam que mesmo quatro meses depois do acidente, a região continue sentindo efeitos do óleo. Para eles, a perda de parte das lavouras deve-se à presença de óleo no solo e à ausência de abelhas, reponsáveis pela polinização, que teriam fugido do local por causa do cheiro. De acordo com Costa, vistoria recente de técnicos agrícolas mostra que uma das causas da baixa produtividade é a alta umidade do terreno. "O local é baixo e está muito úmido, por isso não dá uma produção boa", diz Costa.


"Alguns agricultores perderam a área, o solo não responde e a semente não germina", contesta o prefeito de Morretes, Helder Teófilo dos Santos (PMDB).


Na época, de acordo com ele, a Prefeitura chegou a cadastrar todos os moradores afetados, e repassou estes números para que a Petrobras tomasse as medidas necessárias para garantir a subsistência de cada um. A Petrobras afirma que atendeu, neste período, 150 famílias de 50 propriedades. No início, os trabalhos voltaram-se para o atendimento médico e posteriormente para assessoria agronômica e veterinária.


Como o maior problema com o vazamento é a contaminação da água, os trabalhos concentraram-se principalmente em medidas para garantir o fornecimento para as famílias que dependem da água dos rios atingidos. De acordo com Costa, foram construídos açudes, abertos dois poços artesianos, além de distribuição de água mineral, de caixas d"água e mangueiras para puxar água de outras nascentes dos morros. O problema é que, apesar dos rios continuarem interditados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), muitos agricultores não têm outra alternativa para manter suas lavouras.


O prefeito cobra uma ação mais rápida da Petrobras e subsidiárias. "A Petrobras disse que ía fazer tudo, mas até agora não fez quase nada", queixa-se. A Transpetro se comprometeu a apresentar, nesta semana, resposta à Prefeitura sobre as medidas que estão sendo reivindicadas pelo município como forma de compensar os prejuízos com o desastre. Além das perdas com a agricultura, o prefeito também alega que o município está tendo prejuízos com a redução do turismo.

Segundo o gerente da Transpetro, o meio ambiente já está retornando ao normal. "Nos primeiro dias os insetos tinham sumido do local e hoje já existe montes de mosquito no local, já se vê cardumes de lambaris e lontras nadando nos rios. A água dos poços também foi liberada já que o solo não está contaminado", afirma. Como o uso da água continua proibido, até hoje, de acordo com ele, a empresa também continua distribuindo cestas básicas e um salário mínimo a 660 pescadores, cadastrados pela Colônia de Antonina.


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