A Jupiter Media Metrix participou esta semana, em Miami, de um evento que teve por objetivo discutir o mercado da Internet na América Latina. O instituto de pesquisa mede a audiência brasileira desde setembro de 2000 e, na Argentina, o primeiro trabalho foi realizado em março.
De acordo com Angela Marsiaj, diretora da empresa no Brasil, o principal ponto divulgado no evento foi sobre o potencial e as diferenças do mercado de Internet da América Latina, particularmente como veículo publicitário. Segundo ela, no Brasil, por exemplo, anunciantes da TV aberta atingem indiscriminadamente as pessoas, sem diferenciarem renda e gênero de produtos. "Nem todos podem comprar um carro, mas acabam vendo o anúncio na TV", exemplifica. Sabe-se apenas que cerca de 55% da população do Brasil está situada na classe C e recebe o equivalente a 500 dólares por mês, enquanto que 24% tem ganhos próximos a 1.000 dólares "Essa desigualdade de distribuição de renda entre os brasileiros pode ser trabalhada na Internet com publicidades direcionadas", comenta a diretora. Para ela, quem vende um determinado produto tem condição, na rede, de localizar com muito mais facilidade os seus potenciais compradores.
Especificamente sobre as diferenças entre os mercados do Brasil e da Argentina, algumas questões foram destacadas. "Os argentinos têm uma distribuição de renda mais equilibrada, ou seja, 42% da população se encontra nas classes A, B, C", estima. Segundo a pesquisa, apesar das diferenças entre os dois países, se comparados às 13 maiores nações do mundo no que se refere ao uso de Internet, o Brasil tem 3% do total de usuários, ou 5,7 milhões, e a Argentina se encontra com apenas 1% dessas pessoas ou 1,8 milhão.
No que se refere ao perfil dessas populações, 76% dos argentinos que usam a rede têm mais de 18 anos, enquanto que no Brasil, 80% dos usuários estão nessa faixa etária. Além disso, na Argentina, 58% dos internautas são homens e 42% mulheres, enquanto que no Brasil, a proporção é de 55% e 45%, respectivamente. Outra informação dá conta que, na Argentina, 73,9 % das pessoas acessam a Internet exclusivamente de casa, enquanto que no Brasil 71% dos internautas usam outros pontos de acesso.
A pesquisa concluiu ainda que nos dois países há uma certa concentração de usuários em alguns portais específicos. No Brasil, 95% dos visitantes únicos passam pelos mesmos grandes portais. Já na Argentina, esse número é de 90%, sendo que os portais mais acessados no país são: MSN, Yahoo!, Yahoo! Argentina, Altavista e Ciudad Internet. O site do grupo de mídia Clarin e o do El Sitio estão entre os poucos grupos nacionais no top 25 do país, no que se refere aos pageviews.