Paraná

Mulheres de PMs mantêm vigília em Curitiba

21 jul 2001 às 13:44

As mulheres de policiais militares acampadas há uma semana em frente ao quartel central em Curitiba mantiveram a vigília e receberam a adesão de caravanas do interior. À tarde elas decidem os próximos passos do movimento. Elas não descartam o fechamento dos quartéis e a ocupação do prédio da Secretaria de Segurança.

Um novo incidente contribuiu para acirrar os ânimos entre manifestantes e Polícia Militar. Na madrugada de sábado, a central de telefonia instalada em frente ao quartel central da PM foi violada e os cabos telefônicos cortados.


De acordo com o técnico da Iecsa-GTA (empresa que presta serviços à Telepar), José Augusto dos Santos, que trabalhava no local, cerca de mil linhas telefônicas foram cortadas. Moradores do bairro Rebouças ficaram com seus telefones mudos durante o dia. Algumas linhas do quartel foram atingidas.


Maria Helena dos Santos, uma das líderes do protesto, disse que o ato de vandalismo foi praticado por agentes infiltrados da polícia secreta, a P-2, para prejudicar a imagem do movimento. "Ontem à noite tinha um grande número de pessoas aqui em frente do quartel. Com certeza alguém aproveitou a ocasião para fazer isso só para nos jogar contra a população",disse.


O sargento Moisés José Duarte, da Comunicação Social da Polícia Militar, confirmou o problema no atendimento telefônico do quartel, mas nega que a Polícia Militar atribua o ato de vandalismo às mulheres. Ele contou que a central telefônica é vigiada 24 horas por dia pelo setor de Inteligência da PM, e que na madrugada duas pessoas teriam sido vistas próximas à caixa. "A PM não tem idéia de quem pode ter feito isso, mas vai investigar a partir de segunda-feira", comentou.


As manifestantes querem que o governo do Estado apresente uma solução para o problema salarial dos militares (de soldado a subtenente). Desde o governo Alvaro Dias, foi cortada a Gratificação PM Especial dos praças. Mas 552 deles conseguiram o direito de receber o benefício na Justiça. As mulheres querem que o Estado conceda a gratificação para toda a tropa.


Na semana passada o governo apresentou um plano emergencial para a categoria com a promessa de pagamento de R$ 100,00 para horas extras e gratificação especial para os policiais do Batalhão de Polícia de Guarda dos Presídios (BPGD). Na sexta-feira, o governador Jaime Lerner (PFL) disse que "o governo chegou onde podia e não tem como criar recursos de uma hora para outra".


Suicídio - O soldado Maurício Everton Bembem, 27 anos, que se suicidou com um tiro na cabeça será enterrado à tarde, em Curitiba. O suicídio, ocorrido na madrugada de sexta-feira, teria sido motivado por causa de dívidas acumuladas pelo soldado, que trabalhava no Batalhão da Polícia de Trânsito.

"A morte de um companheiro de farda, por causa de problemas financeiros nos dá mais força para continuar o movimento", disse outra líder das mulheres de policiais, Lúcia Ferreira Sobral.


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