Paraná

Moradores da Ilha da Cotinga acostumaram a viver no apagão

29 jan 2002 às 09:41

Ficar sem energia elétrica por um perído determinado pode significar um transtorno para muitos. Mas para os moradores da Ilha da Cotinga, na Baía de Paranaguá (Litoral do Estado), a situação é mais comum do que se imagina. As cerca de 45 famílias que vivem na região nunca tiveram luz. A ilha é dividida entre as famílias indígenas e as famílias de pescadores. A região indígena, administrada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) utiliza energia solar, mas que ainda não atende a demanda da região, conforme admite a própria fundação. Já os pescadores precisam de muita vela e querosene para realizar atividades durante a noite.

A dona-de-casa Luzia Shulman mora na ilha desde que nasceu, há cinquenta anos, e conta que é difícil conservar os alimentos. "Ficar acordado até tarde, nem pensar", diz. "A gente gasta muita vela e querosene para o lampião". Luzia revela que os moradores (cerca de 30 famílias) já se mobilizaram para tentar conseguir também energia solar, utilizada pelos índios que vivem do outro lado da ilha. "Mas não temos a quem recorrer", reclama.


O assessor para assuntos indígenas da Funai, Edívio Battistelli, conta que a energia solar foi instalada na ilha há cerca de três anos para auxiliar as 12 famílias da tribo m'bya guarani que vivem na região. A instalação das oito placas de energia solar foi financiada pela Companhia Paranaense de Energia (Copel), por meio de um projeto para atender comunidades isoladas do Litoral do Estado.


"Ainda não atende a demanda da Ilha da Cotinga, mas a intenção é estender o recurso para outras casas", diz Battistelli. Na ilha de 843 hectares, além das casas dos pescadores e dos indígenas, funciona uma escola de 1ª a 4ª série. Cerca de 30 alunos frequentam a instituição.


A gerente do Parque de Superagui do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Guadalupe Comanda, revela que é preciso um estudo de impacto ambiental da ilha, antes de ser aprovada a instalação de energia elétrica. "É um estudo com um orçamento bastante alto", salienta. Segundo ela, o impacto econômico da região não justifica a instalação de energia elétrica, tanto que do arquipélago de mais de 30 ilhas do litoral, apenas quatro contam com o recurso (Ilha do Mel, Ilha Rasa, Vila das Peças e Vila da Barra, em Superagui). O restante convive com a escuridão.

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