O mercado de plantas medicinais para prevenção e cura de doenças tem sido uma boa alternativa de renda para pequenos produtores rurais. Com o objetivo de construir uma nova cadeia produtiva de valor, foi realizado na tarde desta sexta-feira (14), durante a 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, o Seminário de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares, seguido de mesa redonda entre os participantes.
Promovido pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR- Paraná), o evento trouxe a pesquisadora do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Eliane Fabri, para falar como este mercado vem se desenvolvendo em algumas regiões do Brasil e se tornando uma alternativa de renda para a agricultura familiar.
De acordo com Eliane, o cultivo dessas espécies é rentável, mas é preciso organização. “O Paraná tem se destacado no cultivo dessas espécies”, comentou Eliane. Segundo ela, nos últimos anos, houve um aumento da procura por produtos naturais para tratar de várias doenças e isso vem fomentando grupos de produtores a entrar neste segmento.
Leia mais:
Órgãos estaduais do Paraná vão ter escala especial de funcionamento nesta quarta-feira
Estrada da Graciosa tem pare-e-siga nesta terça-feira para recuperar local de queda de árvores
Detran alerta para golpes por mensagens SMS
Queijo do Paraná está entre os nove melhores do mundo
Em consonância com esse desenvolvimento, o Paraná já apresenta uma área de 6 mil hectares ocupada com espécies medicinais, condimentares e aromáticas. O cultivo rende uma produção anual média de 18,6 mil toneladas e uma receita de R$ 88,5 milhões.
A Portaria 702/2018, do Ministério da Saúde, incorporou a aromaterapia como sendo uma das práticas integrativas e complementares na saúde no Sistema Único de Saúde. “Isso está gerando uma demanda de óleos essenciais e hidrolatos como complemento para as práticas de saúde que têm no SUS”, explica o produtor rural, Onaur Ruano, da Chácara Pacha Mama, na região do Limoeiro, em Londrina.
Ruano coordena o Projeto Mundo, desenvolvido com um grupo de 10 pequenos produtores agroecológicos em sistema agroflorestal no município de Londrina, os quais produzem 12 espécies de óleos essenciais e hidrolatos. “É um mercado pequeno, mas que na nossa visão tem um potencial muito grande. As pessoas estão buscando se aproximar mais de uma vida natural, buscando a produção orgânica e a procura pelos óleos essenciais cresce gradualmente de forma consistente”, afirmou Ruano.
Com apoio do Articulafito, um projeto nacional desenvolvido pela Fundação da Fiocruz e Ministério do Desenvolvimento Agrário do Governo Federal, os produtores conseguiram montar a Central de Destilação, na Pacha Mama. “Esse apoio faz com que a gente tenha mais condições de trabalho e consiga planejar o plantio e a colheita para a obtenção dos óleos e hidrolatos e, consequentemente, sua inserção no mercado”, conta Onaur Ruano.
Hoje os produtores trabalham com 12 espécies de plantas que se transformam em óleos essenciais e hidrolatos. Como a lavanda dentata, erva baleeira, eucaliptos, piperita, palma-rosa, entre outras que geram a possibilidade de óleos essenciais interessantes do ponto de vista da aromaterapia, da fabricação de cosméticos naturais e de ações importantes terapêuticas.
Também participou da mesa redonda o extesionista Evandro Massulo Richter, da Estação de Pesquisa de Agroecologia do IDR Paraná, na região de Pinhais (PR). Ele falou sobre as plantas medicinais no uso da prevenção de doenças dos animais. “Dentro da produção orgânica, há 15 anos as plantas medicinais são utilizadas no controle e prevenção de doenças e o produtor pode cultivar em sua propriedade. O IDR-Paraná também desenvolve trabalhos com Florais de Minas, desenvolvidos pela Universidade Federal de Viçosa”, comentou ele, acrescentando que as plantas medicinais são uma alternativa diante de produtos químicos.
A farmacêutica Daniela Gasparini do Prado, da Vivah Farmácia de Manipulação, com especialidade em fitoterapia e cosméticos, falou sobre o uso seguro de fitoterápicos e plantas medicinais, regulamentação e o processo de fórmulas de manipulação. “Como qualquer medicamento, o mau uso de fitoterápicos pode ocasionar sérios problemas de saúde”.
De acordo com a extesionista Marli Candalaft Alcantara Parra Peres, coordenadora de projetos do IDR-Paraná, o objetivo do evento é fortalecer a cadeia produtiva e de negócios sustentáveis no estado, bem como mostrar o que já vem sendo produzido, além de trazer informações aos produtores rurais do Programa Farmácia Viva, do Governo Federal.
Segundo ela, o Paraná tem se destacado em alguns cultivos como a camomila. Dados da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do estado apontam 154 municípios do Paraná que produzem camomila, ginseng brasileiro e óleo essencial de menta japonesa.