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Médico é advertido pela Saúde

Denise Angelo - Folha do Paraná
05 abr 2001 às 11:50

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Um documento sigiloso emitido pelo Comitê de Mortalidade Infantil da 3ª Regional de Saúde tornou-se público e está revoltando os moradores de Piraí do Sul (74 km ao norte de Ponta Grossa). No documento, o Comitê analisa a morte de duas crianças, uma com sete e outra com dez meses, ocorridas no ano passado. Nos dois casos, o comitê chegou a mesma conclusão: a alta foi precoce.

As duas crianças foram internadas e morreram no prazo de uma semana, entre os dias 29 de maio e 2 de junho de 2000. As duas, que foram atendidas pelo médico Saulo Medeiros, voltaram mortas para o hospital no dia seguinte ao recebimento da alta.

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A revolta maior dos moradores é que agora Saulo é diretor clínico do único hospital da cidade. Outra reclamação é o próprio fato do documento ser sigiloso. "No início do documento está escrito que o relatório não é punitivo nem policialesco", reclama um dos moradores da cidade, Pedro Lima.

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O diretor do comitê, pediatra Polam Miroslau, disse que a função do órgão é "ver se houve falhas no atendimento ou equipamentos utilizados para que, construtivamente, seja resolvido o problema". "Somos um órgão meramente normatizador e não podemos fazer denúncias", salientou. Segundo ele, só o Conselho Regional de Medicina poderia tomar uma atitude. Miroslau disse ainda que foi aberto um processo para investigar quem teria furtado o documento sigiloso de dentro do hospital.


O pediatra Saulo Medeiros disse que os meses em que ocorreram os óbitos são os mais movimentados no hospital. "Não tenho muita lembrança do caso sem consultar os prontuários, mas é possível que tivéssemos precisando dos leitos para casos mais graves", salienta. Em Piraí do Sul só existem sete leitos pediátricos, e Saulo é o único pediatra da cidade. "Sou um profissional sério e não brinco de atender", defendeu-se. Ele disse ainda que as crianças morreram por broncoaspiração e acredita que a alta não influenciou no estado das crianças.

A assessora jurídica da Fundação Municipal de Saúde, Maria Edite Machado, disse que o documento emitido pela 3ª Regional foi furtado antes mesmo de chegar ao hospital. Agora está sendo aberta uma sindicância para investigar o furto. Edite diz ainda que outros documentos e até mesmo móveis desapareceram da casa hospitalar.


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