Os investigadores da Polícia Civil em Curitiba realizaram, nesta quinta-feira (27), um ato na Boca Maldita em protesto contra a superlotação das carceragens das delegacias em todo o Paraná. O grupo, formado por membros do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil (Sipol) estendeu faixas e montou uma réplica do que seria uma cela de delegacia.
A categoria reclama da superlotação, que forçaria muitos investigadores a demandarem tempo de expediente para conter os presos, mantidos em celas precárias, e evitar fugas e rebeliões. A situação, segundo o sindicato, se repete tanto nos grandes centros – como Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel – como nas pequenas cidades do interior.
A manifestação ocorreu durante a manhã e, de acordo com a 2ª vice-presidente do Sipol Ana Moro, o ato é uma forma de os investigadores mostrarem as condições em que trabalham e os motivos da falta de profissionais realizando serviços de investigação nas ruas. "Nós não estamos pedindo aumento de salário, não estamos reivindicando dinheiro, só pedimos para trabalhar nas nossas funções".
Os investigadores pedem o fim da superlotação e que os presos sejam transferidos para as penitenciárias do estado. "O investigador não tem treinamento de agente penitenciário para trabalhar com os presos".
Além disso, afirma Ana, os presos ficam em situações precárias, sem direito a banho de sol, o que coloca em risco tanto investigadores como a população que vai à delegacia. No interior do estado, em especial nas cidades menores, a situação seria ainda mais grave, pois segundo ela, não existe a figura do auxiliar de carceragem, o que faz os investigadores ficarem "presos" junto com os bandidos para evitar fugas.
Transferência - A Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp) informou que o governo do estado está trabalhando para acabar com a superlotação e citou que, no último dia 25 de setembro, a Secretaria de Justiça (Seju) assumiu a administração de dois mil presos do Centro de Triagem II da Polícia Civil do Paraná. Outras 600 presas serão transferidas de delegacias do estado para a unidade da antiga Penitenciária Central do Paraná, em Piraquara, até o dia 10 de outubro.
A secretaria também informa que novas vagas serão criadas na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste e na Colônia Penal Industrial de Maringá. Segundo o órgão, ainda 800 vagas serão disponibilizadas com a implantação de camas adicionais em diversos presídios do estado. (atualizado Às 17h12).