Paraná

Frase usada pelo Papa é tema de parada gay em Maringá

13 abr 2015 às 13:51

A Associação Maringaense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AMLGBT), divulgou na tarde da última sexta-feira (10) o tema da quarta edição da Parada LGBT de Maringá. "Quem sou eu para julgar?", frase dita pelo Papa Francisco em junho de 2013 em coletiva à imprensa durante o voo que o levava de volta a Roma depois de participar da Jornada Mundial da Juventude, no Brasil, foi escolhida como o tema do evento, que encerra as atividades da IV Semana Maringaense de Combate a Homofobia.

Questionado por jornalistas sobre um suposto lobby gay no Vaticano, Francisco respondeu: "Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade".


"O tema é uma alusão ao aceno simpático à luta contra a LGBTfobia feito pelo Papa Francisco, que vai ao encontro de declarações de apoio feitas por líderes religiosos, artistas, intelectuais e políticos de todo o mundo", explicou Marcelo Souza, presidente da AMLGBT.


O enfrentamento ao preconceito e a violência por discriminação de orientação sexual nas famílias, nas instituições públicas, no mundo do trabalho, escolas, igrejas, no cotidiano e mesmo o preconceito interno entre Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais são o alvo da Parada de 2015.


Para os organizadores da IV Parada LGBT de Maringá, a escolha do tema busca promover uma reflexão sobre a mutilação do caráter humano promovido pelos agentes da LGBTfobia. "Quem sou eu para julgar? É uma pergunta que serve de reflexão em diversas circunstâncias. Serve para o pai que espanca e expulsa o filho de casa por sua orientação, para os fundamentalistas de plantão no Congresso Nacional, que tem intensificado a cruzada contra LGBT, para a Prefeitura de Maringá, que insiste em manter engavetado o Projeto Escola Sem Homofobia, aprovado pela Câmara Municipal em 2010, para os que ridicularizam as travestis nas ruas de nossas cidades ou insistem em não reconhecer seu nome social, aos que perpetuam o preconceito no púlpitos de igrejas e às relações do cotidiano, onde a LGBTfobia demonstra sua face mais sutil, que são nas piadinhas, no tratamento com reservas, na exclusão", explica Souza.


A AMLGBT também busca tratar o preconceito existente dentro da própria comunidade LGBT: "Existe também a LGBTfobia internalizada, quando não nos aceitamos e nos reprimimos, um processo de auto boicote que leva a depressão e faz surgir, por vezes, uma outra forma de LGBTfobia, a do gay ou da lésbica que apresentam um padrão de comportamento heteronormativo e menos reprovável por uma sociedade preconceituosa, e que tem preconceito com travestis, transexuais, com gays afeminados ou lésbicas masculinizadas. É necessário que, internamente, façamos também este exercício de reflexão, quem somos nós para julgar um igual por não ter o mesmo padrão de comportamento que eu, afinal de contas, compartilhamos da mesma dor, a LGBTfobia", alertou Marcelo Souza.

A IV Parada LGBT está marcada para o dia 17 de maio, a partir das 14 horas, com concentração no Centro de Convivência Renato Celidônio, ao lado da Prefeitura.


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