Dois foragidos da PEP 1 morreram em confronto com equipes das Rondas Ostensivas de Natureza Especial (Rone), pertencente ao Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), na manhã desta segunda-feira (16), na Região Metropolitana de Curitiba. Outro homem também foi morto na madrugada, no entanto, ainda não foi confirmado se também era fugitivo da penitenciária.
Na noite de domingo, por volta das 22h15, houve troca de tiros entre foragidos da Penitenciária Estadual de Piraquara 1 (PEP 1) e equipes das Rone, na mata do entorno da PEP 1, quando voltavam para realizar outro resgate de presos. Não há confirmação de número de indivíduos.
De acordo com a Polícia Militar (PM), equipes receberam uma denúncia de que foragidos se esconderam em uma chácara em Piraquara. Quando equipes chegaram ao local, um dos presos atirou contra os policiais, quando iniciou um confronto. O detento morreu e, com ele, foi encontrada uma pistola 9 mm. Esta situação ocorreu na madrugada desta segunda. No entanto, ainda não foi confirmado se ele era fugitivo da PEP 1.
Mais dois foragidos da PEP 1 morreram em confronto com o Bope na manhã desta segunda-feira (16). Eles estavam escondidos em uma casa em construção em Quatro Barras (Região Metropolitana de Curitiba). Segundo informações preliminares, foi possível identificá-los como fugitivos por meio das tatuagens. Um deles, Marlon Magno Freitas Castelhano, era ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e estava envolvido na morte do Agente Penitenciário Adilson Kussuoviski, em 2010, em Campo Largo. E o outro morto foi Evandro Manuel dos Santos Geraldo. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen).
Pelo menos dois deles pertencem à facção criminosa que age dentro e fora dos presídios em todo o país. "É inegável que uma ação desta, coordenada, planejada, com armamento pesado, e tendo como foco uma unidade prisional que abriga presos da facção criminosa, possa haver uma relação com os acontecimentos registrados no Amazonas, em Roraima e agora no Rio Grande do Norte", comparou o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná, Wagner Mesquita, se referindo a guerra entre duas facções criminosas.
"Esta guerra (entre as facções) está acontecendo no Brasil todo e, por isso, há algum tempo, estamos fazendo a separação entre eles dentro dos presídios. Conseguimos reagir à altura, com a prisão de quatro homens. É uma frustração aos planos desta facção", avaliou o diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo de Moura.
"A partir deste momento todas as atividades extraordinárias estão suspensas nas 33 unidades prisionais do Estado. Isso é um protocolo normal. Temos que fazer incursões dentro destas penitenciárias, para saber o que de fato está acontecendo. Vamos manter apenas a sacola com alimentos, assessoria médica, jurídica e odontológica até que a situação seja normalizada", completou Cartaxo.
Operação Alexandria
A investigação sobre o plano de fuga ficará concentrada no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). "Com base no material apreendido, nas informações que estamos coletando e nesta ação coordenada por esta organização criminosa contra o Depen, nós vamos dar início a segunda fase da operação Alexandria", afirmou o secretário.
A operação Alexandria foi deflagrada em dezembro de 2015 quando foram cumpridos 767 mandados judicias de prisão contra integrantes da facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios. Foi a maior operação policial feita no país contra esta organização criminosa. Mesquita adiantou ainda que nesta semana vai solicitar novamente ao Ministério da Justiça a transferência de alguns presos que ocupam posição de comando na facção criminosa para presídios federais.
"O pedido de transferência foi feito logo após a operação Alexandria, mas até agora não tivemos uma resposta. Temos uma agenda esta semana com o ministro da Justiça e depois com o presidente da República e vamos reiterar a solicitação de remoção de presos, aqueles que nós temos informações que são parte desta organização criminosa. Vamos solicitar com ênfase para que sejam encaminhados para presídios federais", ressaltou o secretário da Segurança.
Bilhete
Em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (16), a presidente do Sindarspen, Petruska Sviercoski, contestou a informação de que havia 30 agentes na PEP1 no momento da fuga.
"Não tinha 30 agentes lá. Se tivesse monitoramento interno e externo, isso não teria acontecido", assegurou. Além disso, Petruska afirmou que tanto a fuga do último domingo quanto o assassinato do agente Thiago Borges, da unidade 2 da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) 2, no dia 20 de dezembro, poderiam ter sido evitados já que os detentos alertaram sobre o plano antes.
"Por bilhetes, o Thiago já sabia do plano e, na noite anterior à fuga (no sábado), um preso também avisou um dos agentes, mas nada foi feito. Já entregamos uma carta aberta para a Secretária Estadual de Segurança Pública (Sesp) sobre a crise, mas nenhuma medida foi tomada, sobretudo a reposição do efetivo", critica.
(Com informações da repórter Magaléa Mazziotti do Grupo Folha e da AEN)