O depoimento de Marco Ribeiro Silva, 23 anos, contratado pela empresa JRS para trabalhar como segurança no show de rock ''Unidos pela Paz'', confirma que Luis Fernando Mussi - filho do secretário de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul e presidente do Jockey Club do Paraná, Luis Mussi - ajudou na organização do evento.
No show, promovido pelo organizador de eventos Athayde de Oliveira Neto, três adolescentes morreram pisoteados e dezenas de pessoas ficaram feridas.
A Folha conseguiu uma cópia do depoimento que foi prestado por Marco Ribeiro Silva na Central de Polícia por volta das 2 horas da madrugada do dia 1º, na presença do delegado de plantão Fauze Salmen. Marco Ribeiro Silva não foi localizado na empresa JRS e não retornou ao recado deixado pela Folha, mas Salmen confirmou que o rapaz prestou depoimento.
O delegado da Homicídios que acompanha o caso, Rinaldo Ivanike, disse nesta segunda-feira que Luis Fernando Mussi deverá ser chamado a prestar depoimento ainda esta semana.
Marco Robeiro Silva relatou à polícia que as pessoas contratadas para fazer a segurança do show teriam sido orientadas por Athayde e por Luis Fernando sobre onde deveriam se posicionar. Isso teria acontecido por volta das 17 horas, quando já havia fila de pessoas no portão principal do Jockey Club para assistir ao show.
Segundo o depoimento, tanto Athayde como Luis Fernando teriam presenciado o início do tumulto e ao perceberem que a situação estava fora de controle, teriam acionado a polícia e determinado ao responsável pela segurança interna que os portões fossem liberados.
Logo depois, com a confusão instalada e várias pessoas feridas, Athayde e Luis Fernando teriam mandado fechar novamente os portões.
Ainda de acordo com Marco Ribeiro Silva, Luis Fernando teria dito a Athayde ''isto vai dar c., vai dar m.'' e ''o meu nome não pode aparecer em lugar nenhum''. Depois disso, Athayde e Luis Fernando teriam desaparecido do local.
Procurado pela Folha, o presidente do Jockey e secretário de Estado Luis Mussi ficou irritado ao ser questionado sobre a participação de seu filho na organização do show. Disse que o único envolvimento de Luis Fernando foi de ter pedido a Athayde, que é seu amigo, que fizesse o show no Jockey, pois o clube estaria precisando de dinheiro.
''Coisa que ele vai continuar fazendo. Não mais com bandas de rock como aquelas, mas outros shows'', afirmou. No show trágico se apresentaram as bandas Raimundos, Tihuana, Natiruts e Charlie Brown Jr.
Athayde, único indiciado até agora por homicídio, continua foragido. Seus advogados haviam entrado com pedido de habeas corpus no Tribunal de Alçada (TA). Nesta segunda, o relator do processo, juiz Laertes Ferreira Gomes, encaminhou o pedido para o Tribunal de Justiça (TJ) por entender que houve dolo.
No TJ o processo foi distribuído para o desembargador Jesus Sarrão, mas até o final da tarde não havia sido julgado.
A Promotoria de Investigações Criminais (PIC), que está ajudando nas investigações, informou, por meio da assessoria de imprensa, que todas as pessoas citadas no inquérito policial ou que teriam ligação com o show serão ouvidas. Na semana passada, a PIC disse que Luis Mussi já havia sido chamado a prestar esclarecimentos como presidente do Jockey.