Paraná

Delegado sugere lei para uso de corpos de indigentes

05 dez 2000 às 18:07

O delegado titular da Homicídios, Fauze Salmen, cobrou a elaboração de um projeto de lei por parte dos deputados estaduais da Assembléia Legislativa do Paraná para regulamentar o sepultamento do corpo de indigentes que são destinados à pesquisa. Salmen é o presidente do inquérito, iniciado no dia 11 de maio, e que apurava a suposta comercialização de órgãos de cadáveres entre o Instituto Médico Legal (IML) e faculdades de medicina.

As investigações tiveram como base um contrato de prestação de serviço sem vínculo empregatício entre o professor Sérgio Luís Pereira (técnico de anatomia da Universidade Tuiuti) e a Fundação de Educação e Cultura Espírita. O professor, apesar de já ter sido intimado para depor, ainda não compareceu para prestar esclarecimentos. Nova data deverá ser marcada para este mês.


O último depoimento tomado no inquérito, que já tem seis meses e foi novamente remetido à Justiça para a dilação de prazo, foi dado pelo aposentado Jurandyr de Campos, 60 anos. Ele foi funcionário da Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre 1973 e 1998 e era responsável pelo laboratório de anatomia. Ele atendia os alunos e professores e ia buscar corpos para estudo no IML.


Campos contou que o procedimento natural era ir até o IML, retirar o laudo de necropsia e fazer o atestado de óbito no Cartório do Uberaba. Em seguida, ele ia até a prefeitura e retirava a liberação do cadáver para estudo. Ele negou que pagasse qualquer taxa para que pudesse retirar o corpo de um indigente.


Os cadáveres eram estudados e dissecados pelos alunos. Depois do período de estudo, que dura cerca de cinco anos, todos os membros - separados e sem uma ordem - eram colocados numa cuba grande para secagem e colocados em caixões. ""Eles não fazem um controle das partes dos cadáveres que são enterradas"", explicou Salmen.

Além de ouvir Sérgio Luiz Pereira, Salmen pretende intimar para prestar esclarecimentos o diretor do IML, Francisco Moraes e Silva. Todos os trabalhos feitos no inquérito estão sendo acompanhados pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC).


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