Paraná

Concessionárias vão parar de vender carros aos domingos

20 jul 2001 às 18:48

As concessionárias de automóveis de Curitiba deverão fechar as portas aos domingos. A decisão será tomada na próxima terça-feira numa reunião entre os sindicatos que representam os trabalhadores e as empresas revendedoras. Os dois lados defendem a redução da carga horária de trabalho, que está sendo considerada excessiva. Uma das propostas, que será analisada, é a de abrir em domingos alternados, porém o sindicato dos trabalhadores quer fechamento total.

Depois de trabalhar por três anos de segunda a segunda-feira, sem que os vendedores pudessem ter folga nos finais de semana, as empresas descobriram que sobrecarregaram os funcionários e não conseguiram aumentar suas vendas. "Não é porque abrimos aos domingos que vendemos mais carros e faturamos mais. O que há é uma diluição das vendas", conclui o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Paraná (Sincodiv-PR), Daniel Russi Filho.


Russi aponta uma série de desvantagens na abertura aos domingos. Entre elas está a pressão sobre os funcionários, que, descontentes, estão abandonando a profissão. Segundo o presidente do Sincodiv, os vendedores de carros são especializados e precisam fazer uma série de cursos e atualizações para atuar no setor. "Não é possível contratar mão-de-obra temporária para esse serviço, como ocorre no comércio em geral", diz.


O presidente do Sincodiv reconhece que a carga de trabalho poderá resultar em problemas trabalhistas no futuro. "Estamos represando um passivo trabalhista. Com rara exceção, todo mundo abriu aos domingos de forma desordenada", afirma. Sequer há autorização da prefeitura municipal para o funcionamento.


A venda de carros novos e usados aos domingos começou há cerca de três anos. No início, as 42 concessionárias costumavam fazer vendas especiais para liquidar saldos. Eram os "feirões". Mas a situação passou a se repetir semanalmente e por causa da concorrência, todas começaram a atender aos domingos como se fosse outro dia da semana. "Houve um exagero. Teve concessionária que passou a abrir em todos os feriados e até no dia da eleição, o que gerou uma multa para ela", conta Daniel Russi Filho.

A proposta discutida em Curitiba já é regra em Porto Alegre (RS), onde as concessionárias reduziram o trabalho no final de semana. Durante os 52 domingos que há em um ano, em apenas nove os gaúchos vão trabalhar, o que dá menos de um por mês. Em São Paulo, as concessionárias abrem todos os finais de semana do ano e não aceitam mudar a situação.


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