Integrantes da comunidade árabe no Paraná realizam um protesto na manhã desta segunda-feira (9), no centro de Curitiba, contra a possível invasão militar dos Estados Unidos à Síria. De acordo com os organizadores, o objetivo é chamar a atenção da sociedade para o que consideram uma atitude arbitrária do governo do presidente Barack Obama.
Estima-se que de 10 a 15 mil sírios e descendentes morem atualmente no Estado, sendo 4 mil apenas na capital. A concentração começou por volta de 9h, na Praça Santos Andrade, de onde os manifestantes seguiram em passeata até a Boca Maldita. Munidos de faixas e bandeirinhas do país, eles entoavam gritos como "Viva a Síria!", "Vivia o Líbano" e "Viva o Brasil". Para apoiar a manifestação, os comerciantes de origem árabe fecharam as portas dos estabelecimentos.
Relatórios divulgados pela inteligência norte-americana sustentam que mais de 1,4 mil pessoas morreram no último dia 21 de agosto, vítimas de ataques com produtos químicos. No entanto, os sírios contestam a informação.
"Acompanhamos tudo isso com receio, com medo e com revolta. Os Estados Unidos, de maneira arrogante, autoritária e antidemocrática, e é bom que se diga, o governo dos Estados Unidos, porque a maior parte da população americana, conforme as pesquisas, é contrária à guerra, procuram atacar um país soberano, que tem um presidente legalmente constituído. Nós não podemos aceitar", afirmou o diretor de Comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana no Paraná, Omar Nasser Filho. Segundo ele, as "aventuras" no Afeganistão e no Iraque mostraram que o resultado são milhares de mortos. "E a situação só piora", completa.
Argumentos - O comerciante sírio Monzer Youssif, 37, que há 15 anos vive no Brasil, disse não acreditar que a guerra vá acontecer, mas que, caso ocorra, o "povo árabe" irá vencer e sair muito mais forte. "Eles podem atacar a hora que quiserem, mas não vão ganhar a guerra, porque todo o terrorismo que está lá é financiado pelos Estados Unidos, pela Arábia Saudita, por Israel... Nós não temos medo", contou.
Para o empresário Márcio Assad, filho de um sírio e uma libanesa, está claro que a motivação do iminente ataque não é por razões humanitárias. "Foi revelado ao mundo esse esquema de espionagem deles, inclusive no Brasil. E eu pergunto: aqui vieram bisbilhotar a Gasosa Cini? Não; vieram bisbilhotar a Petrobras. Que produz o quê? Petróleo. Houve aquela grande mentira sobre o Iraque e depois foi provado que não havia armas químicas... Eu digo que agora é pior, porque eles querem nos fazer engolir uma história na mesma linha", argumentou. (Atualizado às 11h58)