O presidente da Autarquia Municipal do Ambiente (AMA) de Londrina, Luiz Eduardo Cheida, disse ontem ser contra a construção de uma termelétrica no município por se tratar de uma "tecnologia suja". A usina é considerada necessária para viabilizar economicamente o gasoduto no Norte do Estado já que a demanda diária das indústrias da região é de apenas 500 mil metros cúbicos. A termelétrica deve consumir 2 milhões de metros cúbicos/dia.
Embora a Copel não tenha anunciado oficialmente o nome do município que deve abrigar a usina, Londrina tem sido cogitado como o mais forte concorrente entre os 11 que integram a rede de distribuição de gás natural da Compagas e cujo impactos ambientais estão sendo discutidos em audiências públicas coordenadas pelo IAP.
Cheida disse que vai colocar sua posição na próxima sexta-feira, na audiência pública de Londrina. "Apesar da audiência discutir os impactos ambientais da rede, se a vinda do gás estiver atrelada a uma termelétrica no município queremos um estudo conjunto dos impactos", adiantou.
O presidente da AMA lembrou que a termelétrica é danosa ao meio ambiente por despejar no rio uma água com uma temperatura que chega a 300 graus Celsius. "Com o choque térmico os peixes e a vegetação aquática morrem", disse. "Neste tipo de usina, o gás aquece a água, que entra em processo de ebulição para girar as turbinas com o vapor. Depois, essa água entra na tubulação e é jogada no ambiente com altíssimas temperaturas. Mesmo que seja instalado um resfriador, o equipamento não dá conta de resfriar grandes volumes de água."
Cheida afirmou ser favorável ao gasoduto, que deve alavancar a economia da região no futuro. Ele considera um absurdo, porém, que o governo do Estado esteja preocupado em torná-lo viável economicamente com uma termelétrica."O gasoduto não pode ser encarado como um negócio. Ele tem retorno social, com geração de emprego e diminuição dos imapctos ambientais."
A rede de distribuição da Compagas na região Norte terá 200 quilômetros de extensão, com investimentos entre R$ 30 milhões a R$ 40 milhões. O início da construção da rede está previsto para o final deste ano. A distribuição do gás deve começar em 2003. Os estudos de impacto ambiental da rede foram realizados pela Copel.
Audiências discutem impactos
A audiência pública tem o objetivo de discutir, junto com a população, os projetos de impactos ambientais e é baseada na resolução 009/87 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). A audiência é exigida para a liberação da licença prévia de qualquer EIA/Rima (Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) pelo orgão competente, seja municipal, estadual ou federal.
No caso das audiências públicas que estão discutindo os impactos da rede de distribuição de gás natural da Compagas no Norte do Estado, a liberação ou não da licença prévia é de responsabilidade do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Sete audiências foram realizadas nos municípios que integram a rede, na semana passada. As últimas quatro acontecem amanhã, às 17h30, em Arapongas e, na próxima sexta-feira, em Rolândia (9h30), Cambé (14h30) e Londrina (19h30).
"A lei exige que a comunidade seja consultada", explicou o engenheiro e chefe do Departamento de Licenciamento Ambiental do IAP, Pedro Dias. Neste caso, a realização das audiências públicas foi determinada pelo próprio IAP. Pela resolução, elas sempre devem ser realizadas quando solicitadas por uma entidade ou por um grupo de 50 pessoas.
As audiências são abertas ao público e convocadas através da publicação em jornais de circulação local e no Diário Oficial. Entre as sugestões feitas nas sete audiências, estão a implantação de treinamento de bombeiros e hospitais.
Apesar de não haver prazo legal para a conclusão das análises, o IAP pretende chegar a uma definição num período de 30 a 60 dias após a audiência.