Ao contrário do que circula pelas redes sociais desde o fim de semana, não será desta vez que vai nevar no Paraná, conforme o Simepar. O órgão acompanha a formação da massa de ar polar que se aproxima da região Sul do País e avalia que o cenário no Estado não é favorável para a neve. A probabilidade maior é que o fenômeno atinja as serras gaúcha e catarinense e talvez cidades mais altas do Paraná, como Palmas, na região Sudoeste, mas em menor intensidade.
Ainda assim, a previsão é de queda nas temperaturas a partir da quinta-feira (20), e o Simepar não descarta a possibilidade de geada em algumas regiões no fim de semana. A condição também é influenciada pela chuva, já que com o solo molhado, torna-se mais difícil a formação de gelo. A previsão pode ser acompanhada no serviço do Alerta Geada, disponível no site do Simepar (www.simepar.br).
Um dos fatores que inibe a formação de neve são as chuvas constantes desde o último fim de semana. A condição ideal para a neve inclui temperaturas abaixo de zero e a formação de garoa. Como as precipitações nesta semana devem ficar em uma média de 15 milímetros a 20 milímetros, elas não colaboram com o fenômeno, esperado por alguns e temido por outros, principalmente pelos agricultores.
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"Há um pouco de sensacionalismo nas redes sociais, mas pela condição atual e a que se projeta para os próximos dias, é difícil que isso ocorra. As condições nesta semana não são favoráveis para a neve, a não ser em regiões mais altas, como em Palmas, mas as chances também são pequenas”, explica o meteorologista Marco Antonio Jusevicius, coordenador de Operação do Simepar.
AGRICULTURA
A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento acompanha com atenção a situação, já que a possibilidade de geada traz problemas para as lavouras, principalmente em culturas de inverno, como trigo e pastagens, a nas plantações de hortaliças e frutas.
Por causa da estiagem que se estende há cerca de um ano, o clima na primeira quinzena de agosto já tinha sido ruim para o setor, explica o engenheiro agrônomo Hugo Godinho, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura. "Estamos acompanhando as previsões e torcendo para que o frio seja realmente menos intenso nos próximos dias”, diz.
A produção de trigo é a que mais preocupa, porque a maior parte das plantas semeadas estão em processo de florescimento ou de enchimento dos grãos, fases mais suscetíveis à geada, perdendo o potencial produtivo. Quase dois terços da área plantada no Estado, que chega 1,13 milhão de hectares, estão nessas fases.
Nas lavouras atuais, 14% do trigo que foi plantado estão em processo de maturação, com produtividade já garantida, e 23% em desenvolvimento vegetativo, que aguenta o frio mais intenso. "Pelo menos dois terços de toda a área cultivada são suscetíveis à geada, que pode levar boa parte da produção. Com relação ao trigo maduro, a preocupação é com as chuvas, que atrapalham as colheitas”, explica Godinho.
Outra cultura que preocupa é a do feijão, cujo plantio inicia agora. Se a geada matar o que já está germinando, será necessário replantar a leguminosa. A boa notícia é que apenas 1% das lavouras de feijão começaram a ser plantadas. Nas áreas cultivadas de milho que ainda estão em maturação – que são minoria, já que 67% da área plantada neste período já foram colhidas –podem ser afetadas caso haja geada.
Já na fruticultura e na produção de hortaliças, também suscetíveis ao frio intenso, algumas medidas podem mitigar as perdas. "Nesses casos, é possível cobrir ou irrigar as plantas antes da geada. A irrigação possibilita a formação de uma camada de gelo que não faz com que o tecido morra. Pode ter alguma queima, mas não perde tudo. E a plastificação também é recomendada”, orienta o agrônomo.
COPEL
A aproximação da massa de ar polar também causa apreensão em outras áreas, como no fornecimento de água e energia. O frio intenso pode romper os cabos da rede de distribuição, por isso a Copel se preparou e aumentou o número de equipes em sobreaviso, caso haja algum problema neste sentido.
A companhia também orienta as famílias que pretendem usar algum equipamento elétrico para espantar o frio. A recomendação é que, antes de ligar o aquecedor na tomada, é preciso confirmar que a fiação seja bem dimensionada. Também não se deve usar adaptadores (T) nesses aparelhos.
SANEPAR
A orientação da Sanepar é que a população proteja seus hidrômetros. As temperaturas muito baixas e a possibilidade de geada podem fazer com que a água congele no hidrômetro ou nas tubulações externas de ligação de água, trazendo transtornos para as pessoas.
Para não correr o risco de ficar sem o fornecimento, mesmo que temporariamente, a companhia orienta os clientes para que protejam o cavalete, o hidrômetro ou a tubulação exposta.
O procedimento é simples: basta colocar uma caixa de papelão, de madeira ou de plástico e até mesmo panos sobre o cavalete, de forma a impedir que o gelo se acumule e congele a água dentro do equipamento de medição ou das tubulações de água. Outra medida eficaz é fechar o registro de entrada de água à noite, o que também evita o congelamento da água dentro do equipamento e da tubulação.
O coordenador de Medidores de Vazão, Joel Bley Raitani, da Gerência de Desenvolvimento Operacional da Sanepar, explica que a água congelada expande e pressiona o equipamento, facilitando a ruptura. "É preciso cuidado nos dias mais frios porque os hidrômetros possuem peças sensíveis que são danificadas facilmente com o congelamento, obrigando a Sanepar a trocar o equipamento no imóvel do cliente”, alerta Joel.
Ele lembra que as cidades que apresentam maiores riscos são Palmas, na região Sudoeste, e General Carneiro, no Sul do Estado, onde historicamente são registradas mais casos desses ao longo dos anos.