A Associação Brasileira de Medicina de Grupo do Paraná e Santa Catarina (Abramge) não gostou da opinião do presidente da Federação dos Hospitais do Paraná (Fehospar), José Francisco Schiavon. Ontem, a Folha publicou uma matéria com o Schiavon, na qual ele avaliou que um terço das operadoras de saúde do Estado podem fechar por problemas de liquidez ou por serem incorporadas.
O presidente da Abramge, Joelson Sansonowski, admite que o mercado vai sofrer acomodações futuras, com possíveis incorporações ou alterações no perfil de atendimento das empresas. Mas ele não aceita que se vincule essas mudanças com prejuízos aos usuários. "Os usuários não ficarão sem atendimento, durante este período que as empresas estão se acomodando", disse.
Sansonowski afirmou que as operadoras de saúde estão enfrentando dois fatores negativos: as alterações das regras dos planos de saúde e a inadimplência do setor. Atualmente, a taxa de inadimplência entre as pessoas físicas oscila no Paraná entre 15% a 20%.
Quanto as mudanças nas regras dos planos de saúde, o governo vem exigindo que as empresas aumentem a proteção ofertada, o que também provocou alta nas mensalidades. Com isso, o presidente da Ambramge disse que as empresas estão com as vendas estagnadas.
Outro ponto que, segundo Sansonowski, vem prejudicando as empresas do setor é a limitação dos ganhos das operadoras. O presidente da Abramge regional disse que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula o setor, limitou os lucros em 4%, quando o ideal seria de 10%.
Para Joelson Sansonowski, agora não é o momento de críticas contra o setor. "Médicos, clínicas, operadoras de saúde e hospitais deveriam estar em sintonia para juntos se adequarem as mudanças", disse. Para o representante da Abramge, se as operadoras quebrarem, os reflexos desse processo vão atingir diretamente os hospitais. "Os usuários que abandonarem as operadoras vão acabar indo para os hospitais, mas como usuários do Sistema Único de Saúde", cutucou Sansonowski.