Paraná

A diversão que mata

12 dez 2000 às 10:06

Com a morte de três menores por afogamento nas cavas de Piraquara e São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) os bombeiros fazem um alerta para o perigo de se nadar em locais sem segurança durante o verão. Desde 1997, segundo estatística do 6º Grupamento de Bombeiros, 300 pessoas se afogaram nos municípios da região metropolitana e na Capital. Neste ano foram registrados 69 casos, contra 65 no ano passado.

Com o forte calor registrado em Curitiba nos últimos dias, os locais preferidos dos banhistas são as represas do Passaúna e Vossoroca (Tijucas do Sul), os rios Ribeira (Adrianópolis) e Iguaçu (Curitiba) e as cavas do Iguaçu (São José dos Pinhais) e Boqueirão (Curitiba), justamente as que mais registram mortes nesse período.


Na opinião do tenente Luiz Carlos Cândido, as pessoas que nadam nessas áreas desconhecem muitas vezes os perigos. "As cavas são áreas alagadas de onde retiram areia e por causa da escavação das máquinas a profundidade é imprevisível, além de esconder troncos e galhos de árvores que podem prender o nadador durante o mergulho e afogá-lo", disse o tenente.


Apesar das recomendações, um grupo de menores foi flagrado ontem nas águas das cavas do Iguaçu, na divisa de Curitiba com São José dos Pinhais. Fazendo acrobacias, eles ignoravam o perigo. Um deles, Jeferson Dinei da Silva, 14 anos, reclamou o fato de não ter outro lugar para ir. "Ficamos várias horas aqui porque não tem clube e os que têm nossa família não pode pagar", afirmou.


Além dos perigos do terreno, há o risco de contaminação. "As pessoas se expõem aos diversos microorganismos existentes na água que provocam desde uma micose até a hepatite", disse Cândido.


Para Carlos Eduardo Prado, 16, vale a pena a diversão. Ele alega que sempre vão ao mesmo lugar e por isso conhece toda a área e os melhores lugares para nadar. "É perigoso, mas todos aqui conhecem o lugar", afirmou.


Prado disse que sua família o alerta sobre os perigos, porém continua a freqüentar o local. Ele usa como justificativa não ter dinheiro, estar de férias da escola e morar perto das cavas.

Entre as recomendações dos bombeiros para esse verão estão a obdiência às placas que proíbem a natação nos lugares perigosos, não praticar saltos ou mergulhos em locais que não se conhece a profundidade, nunca nadar sozinho e evitar nadar após ingerir bebida alcoólica.


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