O tráfico de seres humanos movimenta R$ 12 bilhões por ano em todo o mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). É o terceiro negócio ilegal mais rentável, que só não supera os lucros obtidos com o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Uma pessoa levada ilegalmente para outro país chega a custar US$ 30 mil no mercado negro.
Dados do Instituto Latino-Americano de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (ILADH) revelam que o Brasil é responsável por 15% das mulheres traficadas para a América do Sul.
Segundo a representante do ILADH Carolina Bastos, essa atividade utiliza a estrutura do crime organizado para se difundir internacionalmente. "Uma das dificuldades de se combater o tráfico de seres humanos é que os criminosos estão vários passos à frente de nós, em termos de avanços na dinâmica de atuação", observa Bastos.
De acordo com ela, estudos da ONU indicam que, se continuar nessa progressão, em cinco anos o tráfico de seres humanos será tão rentável quanto o de drogas.
O tráfico de seres humanos compreende três vias de ação: para fins de exploração sexual comercial, para uso no trabalho escravo e para a venda de órgãos humanos.
Segundo a pesquisadora, os casos brasileiros, em grande parte, são relacionados ao comércio sexual. As mulheres com idade entre 15 e 20 anos representam 60% do total de vítimas. Em seguida, vêm garotas que estão na faixa etária compreendida entre 10 e 15 anos (30%) e por últimos mulheres com idade entre 20 a 25 anos (10%). As vítimas geralmente são atraídas por falsas promessas, como um bom emprego ou casamento com estrangeiros.
Para enfrentar o problema, o ILADH quer montar um sistema nacional de prevenção e enfrentamento do tráfico de seres humanos, que envolva organizações governamentais federais, estaduais e municipais, além de entidades da sociedade civil organizada.
O turismo sexual, principalmente nas cidades litorâneas, também é alvo do instituto. Um dos objetivos é aumentar a capacidade investigativa no âmbito policial e do Judiciário, aperfeiçoando os mecanismos existentes de repressão.