Rebeldes líbios assumiram o controle de um posto na fronteira com a Tunísia, em um raro avanço contra as tropas do regime do coronel Muamar Khadafi, segundo informam testemunhas.
O posto de passagem de Wazin, localizado nas montanhas a oeste da Líbia, foi controlado pelas forças contrárias ao governo após intensos combates na manhã desta quinta-feira.
A agência de notícias estatal tunisiana TAP informa que, segundo altas fontes militares, pelo menos 13 oficiais do Exército líbio desertaram e fugiram para a Tunísia, incluindo um coronel e dois comandantes, que foram detidos ao cruzar a fronteira.
De acordo com a TAP, o posto de fronteira de Wazin foi fechado após ficar sob controle dos rebeldes.
A tomada do posto é considerado um avanço importante para os rebeldes nesta região da Líbia. Até o momento, as forças contrárias ao governo controlam grande parte do leste, enquanto Khadafi domina a capital Trípoli e boa parte do oeste do país.
Misrata
O correspondente da BBC em Benghazi Peter Biles afirma que esforços continuam sendo feitos para evacuar líbios feridos e trabalhadores estrangeiros da cidade de Misrata, palco de intensos combates entre rebeldes e forças do governo.
Biles afirma que o mar é a única rota de saída de Misrata, por onde os refugiados esperam ser transportados por meio de ferryboats até Benghazi, que é controlada pelos insurgentes.
A morte de dois fotógrafos enquanto cobriam o conflito em Misrata, nessa quarta-feira, demonstra os perigos para a população civil situada na cidade, afirma o correspondente da BBC.
O britânico Tim Hetherington, de 40 anos, teria sido morto em um ataque de granada. O americano Chris Hondros, de 41, também morreu no ataque, que deixou dois outros fotógrafos feridos.
Um porta-voz do governo lamentou a morte dos jornalistas, mas ressaltou que desconhece as circunstâncias em que isto ocorreu.
Apenas na quarta-feira, cem pessoas teriam sido atendidas no hospital de Misrata e pelo menos cinco civis teriam sido mortos.
Ajuda humanitária
A coordenadora de Assuntos Humanitários da ONU, Valerie Amos, alertou que é necessário manter a separação entre as operações militares e o trabalho de ajuda humanitária na Líbia.
Segundo Amos, ainda não há necessidade de aceitar a oferta da União Europeia de escolta do Exército durante a entrega de suprimentos para a população do país, que enfrenta confrontos entre forças pró-governo e rebeldes desde fevereiro.
"Nossa responsabilidade, todo o tempo, é garantir que nossa ajuda seja oferecida de forma imparcial", disse ela.
Para Amos, escoltas militares podem colocar funcionários da ONU em risco e impedir que os suprimentos cheguem aos dois lados no conflito.
"Temos de ser extremamente cuidadosos com isso e garantir que os limites não sejam desrespeitados."
Grã-Bretanha, França e Itália afirmaram esta semana que vão enviar pequenas equipes de conselheiros militares para treinar rebeldes que querem tirar Khadafi do poder.