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Na Espanha

Pesquisadores encontram fóssil de tartaruga marinha de quase 4 metros

Folhapress
18 nov 2022 às 16:02
- Divulgação/projeto Tamar
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A ideia de encontrar uma tartaruga marinha gigante, de quase 4 metros de comprimento, não parece combinar com o cenário de montanhas rochosas localizadas na fronteira da Espanha com a França.


Estes répteis aquáticos vivem hoje em águas tropicais e subtropicais, mas não são lá muito fãs de locais mais frios. Em um período entre 83 e 76 milhões de anos atrás, porém, a região dos Pirineus era de sedimentos marinhos, e a cadeia montanhosa ocorreu após a colisão da placa ibérica com a placa do continente europeu. Com isso, os sedimentos do fundo do mar foram erguidos. Diversos fósseis de invertebrados marinhos são conhecidos da região.

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Agora, cientistas da Universidade Autônoma de Barcelona, do Museu da Conca Dellá (também da Espanha) e do Departamento de Ciências Geológicas da Universidade Masaryk (República Tcheca), descreveram um fóssil de tartaruga marinha gigante, com tamanho incomum para o continente europeu, encontrada próximo à localidade de Cal Torrades, no norte da Espanha.

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O artigo descrevendo o achado foi publicado nesta quinta (17) na revista especializada Scientific Reports (do grupo Nature).


Do animal fossilizado, restaram apenas alguns ossos da bacia pélvica, incluindo púbis, ílios e ísquio, e parte da carapaça. O animal recebeu o nome de Leviathanochelys aenigmatica -o nome do gênero vem da mistura de "Leviatã", o grande monstro marinho do Antigo Testamento, e o sufixo "chelys", grego para tartaruga, enquanto o epíteto "aenigmatica" faz alusão às características enigmáticas do réptil.

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Além do tamanho, a anatomia do novo animal surpreendeu os cientistas, que identificaram características semelhantes com de outro quelônio europeu de tamanho bem menor -o fóssil Allopleuron, estimado em 1,5 metro de comprimento- e a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), que pode chegar a 2,2 m, ambos parte do grupo Chelonioidea.


De diferente, Leviathanochelys apresenta uma extensão anterior do processo acetabular (que faz a conexão da cabeça do fêmur à bacia), ornamentação na superfície dos ossos (que pode indicar a presença de microvasos sanguíneos) e dois processos acessórios na região anterior da pélvis, uma característica única não encontrada em nenhuma outra tartaruga marinha, fóssil ou não.

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Em relação ao tamanho, o paleontólogo Albert Sellés, autor sênior do estudo, explica que fósseis de tartarugas marinhas gigantes são conhecidos da região do Kansas, nos Estados Unidos, incluindo o maior gênero de tartaruga até hoje, do gênero Archelon, com indivíduos que atingiam até 4,6 metros de comprimento da ponta do focinho até a cauda.


"O comprimento máximo da pélvis de Leviathanochelys foi estimado em 88,9 cm, o que seria um pouco maior do que o de Archelon [81 cm]. Embora não exista uma correlação direta de tamanho da pélvis e do comprimento total, os dados sugerem que o novo fóssil podia ser tão grande quanto Archelon, chegando até 3,74 m de comprimento", disse.

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Como os fósseis são de idades e, mais importante, linhagens distintas, é provável que o chamado "gigantismo" evoluiu diversas vezes no grupo que deu origem às tartarugas marinhas, segundo ele. "Não sabemos o motivo exatamente, mas a disponibilidade de alimento, competição e pressão [seletiva] de predadores podem ter atuado na seleção dos indivíduos maiores e, consequentemente, levado à evolução dos bichos gigantes", completa.


Assim, a nova espécie é diferente das tartarugas marinhas atuais e compõe o maior fóssil de tartaruga conhecido no continente europeu, e um dos maiores do mundo. Em relação à sua aparência em vida, é difícil saber como ela seria e se iria apresentar a carapaça "coriácea" característica da tartaruga-de-couro, mas mesmo isso não pode ser descartado, afirma Sellés.


"A inspiração para a reconstrução [do fóssil] pode ter sido a tartaruga-de-couro com base em um critério importante, a ausência de marcas ósseas na carapaça exterior, que só é encontrada nessa espécie. Mas não podemos descartar que evolução teria levado ao aparecimento de características semelhantes em diferentes linhagens, por isso não é possível saber se ela tinha a carapaça coriácea ou não", explica.

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