Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Conclusões catastróficas

Limitar aquecimento a 1,5°C ainda é tecnicamente possível, mas cada vez mais difícil, diz novo relatório da ONU

Giuliana Miranda - Folhapress
24 out 2024 às 15:51
- Imagem ilustrativa - Pexels
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Ainda é tecnicamente possível limitar o aquecimento global a 1,5°C -considerado por cientistas o teto para evitar os piores efeitos das mudanças climáticas-, mas essa missão é cada vez mais difícil. Nas condições atuais, o planeta se encaminha para um aumento de temperaturas de até 3,1°C.

As conclusões, classificadas como catastróficas, são de novo relatório anual do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), lançado nesta quinta-feira (24) durante a COP16, a conferência da biodiversidade da ONU, na Colômbia. Todos os anos a entidade da ONU calcula quão longe o planeta está dos objetivos do Acordo de Paris.

Embora a limitação do aquecimento global em 1,5°C seja a meta preferencial do acordo de 2015, os dados da ONU mostram poucos avanços concretos para diminuir os gases de efeito estufa que alimentam o fenômeno.

Em 2023, o planeta bateu um novo recorde de emissões: 57,1 gigatoneladas de CO2 equivalente, o que representa um aumento de 1,3% e relação a 2022. O crescimento ficou acima da média registrada na década anterior à pandemia da Covid-19 (2010-2019), que foi de 0,8%.

Para manter vivo o objetivo de 1,5°C, a comunidade internacional precisará, coletivamente, mudar completamente esse cenário e se comprometer com uma queda acentuada das emissões ao apresentarem a atualização das suas contribuições nacionalmente determinadas (as chamadas NDCs).

Pelos cálculos do Pnuma, a atualização das NDCs -que devem ser apresentadas até o início de 2025, antes da realização da COP30, em Belém- precisa derrubar os gases de efeito estufa, com uma redução de 42% das emissões anuais até 2030 e de 57% até 2035.

"Estamos em um momento decisivo para a crise climática. Precisamos de uma mobilização global em escala e ritmo nunca antes vistos, começando agora mesmo, antes da próxima rodada de promessas climáticas, ou a meta de 1,5°C logo estará morta e 2°C ocupará seu lugar na unidade de terapia intensiva", afirmou a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen.

As NDCs são os compromissos -estabelecidos voluntariamente por cada país- para reduzir suas emissões, bem como o plano traçado para chegar até lá.

Os compromissos atuais para 2030, além de não estarem sendo cumpridos, tampouco são suficientes para estancar a crise. Mesmo que eles fossem satisfeitos, os cientistas projetam que os termômetros ainda poderiam subir até 2,6°C e 2,8°C.

Os resultados estão em linha com o que foi apresentado com outras publicações. Na semana passada, o relatório anual da AIE (Agência Internacional de Energia) destacou que o planeta se encontra atualmente em uma trajetória de aquecimento de 2,4°C.

Leia também:

Imagem
Projetos inovadores da UTFPR conquistam R$ 1 milhão em investimentos
O Programa de Propriedade Intelectual têm cinco projetos invovadores da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) finalistas ao Mercado (Prime).


O documento da ONU enfatiza as consequências na demora em tomar medidas concretas contra as mudanças climáticas: "quanto maior o atraso, maiores serão os cortes anuais necessários".

Atualmente, limitar o aquecimento em 1,5°C exige uma redução de 7,5% das emissões anuais até 2035. Mesmo para manter o aumento das temperaturas em até 2°C, seria necessário um corte de 4% nas emissões anuais no mesmo período.

A diretora-executiva do Pnuma apelou à comunidade internacional por maior comprometimento na próxima convenção do clima de ONU, a COP29, que acontece de 11 a 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

"Mesmo que o mundo ultrapasse 1,5°C, e as chances de isso acontecer aumentam a cada dia, devemos continuar lutando por um mundo líquido zero, sustentável e próspero. Cada fração de grau evitada conta em termos de vidas salvas, economias protegidas, danos evitados, biodiversidade conservada e a capacidade de reduzir rapidamente qualquer excesso de temperatura."

De acordo com o novo relatório, do ponto de vista técnico, ainda é possível conter o aquecimento em 1,5°C. As estimativas indicam que, em 2030, há potencial de cortes de emissões de até 31 gigatoneladas de CO2 equivalente.

O caminho para o sucesso nessa missão passa pela combinação da ampliação do uso de energias renováveis, além da ampla redução do desmatamento e por medidas de maior eficiência, passando por substituição energética, em setores como transportes, indústria e edificações.

O crescimento do uso de tecnologias solares fotovoltaicas e de energia eólica poderia fornecer 27% do potencial total de redução em 2030 e 38% em 2035. Já as medidas voltadas para a florestam poderiam gerar quase de 20% do potencial em ambos os anos.

O relatório indica que lacuna de emissões para 2030 e 2035 poderia ser preenchida a um custo inferior a US$ 200 por tonelada de CO2 equivalente. Mais uma vez, a demora em ações concretas pode acabar encarecendo (e muito) a conta.

Os cientistas cobraram publicamente maior responsabilidade dos países do G20, bloco atualmente presidido pelo Brasil. Esses países, "especialmente os membros que mais emitem, precisariam fazer o trabalho pesado".

No ano passado, os estados do G20 -sem incluir a União Africana- foram responsáveis por 77% das emissões globais. A inclusão do bloco africano na conta, embora mais do que duplique o número de países representados -passando de 44 para 99- eleva o total de emissões somente para 82%, "destacando a necessidade de responsabilidades diferenciadas entre as nações".

Os especialistas da ONU destacam a necessidade de um aumento mínimo de seis vezes no investimento em mitigação. A questão de financiamento deve ser um dos principais temas da próxima conferência do clima, daqui a menos de um mês.

Dados do observatório Copernicus indicam que 2024 se encaminha para destronar 2023 como o mais quente da história. A temperatura média global entre janeiro e setembro deste ano já é a mais alta documentada para esse intervalo na série histórica. Apenas uma inédita queda de 0,4°C anomalia média até o fim do ano poderia impedir esse cenário, o que é considerado bastante improvável pelos cientistas.

Setembro foi o 14º mês, em um período de 15 meses, em que a média global superou a marca de 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. Ainda que essa barreira já tenha sido ultrapassada temporariamente, cientistas consideram que ela ainda não foi definitivamente rompida.

Leia também:

Cadastre-se em nossa newsletter

Imagem
USP move processo pela expulsão de cinco alunos acusados de antissemitismo
Cinco alunos da USP (Universidade de São Paulo) podem ser expulsos sob acusação de antissemitismo.
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo