Médicos de todo o Brasil estão se mobilizando para protestar contra a qualidade dos formandos em Medicina das 104 faculdades brasileiras credenciadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Eles tomaram como base uma avaliação do MEC que demostrou que apenas 20 dos 79 cursos analisados foram considerados suficientes em qualidade.
Foram levados em conta a estrutura física, o corpo docente e a estrutura curricular. Dos formandos, apenas 50% fazem residência médica ou pós-graduação. ''Esse pessoal vai se formar sem condições de enfrentar o mercado de trabalho. A qualidade médica cai. Os erros médicos aumentam'', afirmou o professor Jurandir Marcondes Ribas Filho, o atual presidente da Associação Médica do Paraná (AMP).
O Conselho Regional de Medicina (CRM) fez recentemente uma pesquisa com os formandos para saber se eles se sentiam preparados para o exercício da função. Setenta por cento dos novos médicos disseram que se sentiam inseguros. ''Não podemos deixar isso continuar acontecendo. Não posso controlar a qualidade de ensino nas faculdades. Eu me comprometo a fiscalizar os maus profissionais'', salientou Luiz Salim Eméd, presidente do CRM.
Atualmente, o Paraná forma por ano cerca de 600 médicos em seis faculdades e universidades (Faculdade Evangélica de Curitiba, Universidade Federal do Paraná, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual de Maringá e Unioeste). A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que para estar nos limites aceitáveis é necessário que cada cidade tenha um médico para cada mil habitantes.
No Brasil, temos um médico para 673 habitantes. No Paraná, um para cada 702 habitantes. Em Curitiba, um para cada 249. ''Temos que distribuir melhor os médicos. Já temos muitos no Paraná. Eles precisam ser encaminhados para o Interior do Estado. Não queremos formar mais médicos sem qualidade'', avaliou Ronaldo Loures Bueno, coordenador nacional do Fórum contra a Abertura Indiscriminada de Escolas de Medicina.
A primeira discussão sobre o assunto foi nesta quarta-feira, em Curitiba. As próximas estão marcadas para Belo Horizonte, Belém, Distrito Federal e São Paulo. A intenção dos médicos é colocar na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) um dispositivo legal que obrigue as novas escolas a cumprirem requisitos básicos de demanda social, corpo docente qualificado, hospital universitário e oferta de cursos de pós-graduação.