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Lula estreia agenda pós-governo em Dacar

06 fev 2011 às 11:21

Em meio à crise econômica internacional e à turbulência política no norte da África e no Oriente Médio, movimentos sociais realizam a partir de hoje (6), em Dacar, no Senegal, a 11.ª edição do Fórum Social Mundial. Sob o tema As Crises do Sistema e das Civilizações, o evento volta a discutir a ideia de "outro mundo possível" e traz como estrela um brasileiro: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, símbolo de uma América Latina voltada à esquerda.

Além dos chefes de Estados africanos, as personalidades mais aguardadas na Universidade Cheikh Anta Diop, centro dos eventos, são Lula, o músico Gilberto Gil, Hugo Chávez (presidente da Venezuela), Evo Morales (da Bolívia) e duas presidenciáveis do Partido Socialista da França, Martine Aubry e Ségolène Royal. O governo brasileiro será representado pelo secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que vai chefiar a delegação e terá a companhia das ministras de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros.


Em sua primeira viagem ao exterior desde que deixou a Presidência, Lula não integrará a comitiva oficial, mas terá status privilegiado no evento - no qual foi ovacionado no ano passado. Durante sua estada em Dacar, deve ser recebido pelo presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, que exerce o cargo desde 2000.


Amanhã, Lula deve discursar à multidão aguardada no campus da universidade. Em 2010, em Porto Alegre, ele prometeu ir a Dacar na posição "de uma pessoa com o mesmo compromisso e talvez com mais capacidade para anunciar ao país as coisas que têm de ser feitas daqui para a frente".


Na sexta-feira, os organizadores do Fórum, que é realizado pela segunda vez na África, revelaram que enfrentam dificuldades para viabilizar o evento. "Estamos com problemas para fechar o orçamento inicial, estimado em 1,8 bilhão de francos africanos (ou R$ 2,74 milhões). Só 47% ou 48% deste orçamento está disponível hoje", afirmou a presidente do evento, Mignane Diouf. Os organizadores, porém, esperam que a adesão de militantes antiglobalização e de ONGs leve o evento ao sucesso.


Entre os temas desta edição, três estão: A situação mundial e a crise, A situação dos movimentos sociais e dos cidadãos e Os processos dos fóruns sociais mundiais. O objetivo, como sempre, está claro nos materiais de divulgação do evento: "Buscar um outro mundo possível e diferente deste, regulado pela globalização e pelo neoliberalismo desenfreado".


Primeiro encontro foi em 2001

O primeiro encontro do Fórum Social Mundial foi realizado em 2001, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Sua proposta é abrir espaço para a troca de experiências e debates entre organizações que se opõem ao modelo econômico neoliberal. A Carta de Princípios, pela qual se orienta, diz que o Fórum tem caráter não confessional, não governamental e não partidário.


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