Um manifestante sul-coreano se matou durante um confronto com a polícia anti-tumulto no primeiro dia de discussões sobre o comércio global no balneário mexicano de Cancún. O líder agrícola, de 54 anos, conhecido por seus amigos pelo nome de Lee Kyung-hae, se apunhalou no meio de um protesto violento na quarta-feira contra a Organização Mundial do Comércio (OMC) e suas políticas.
O manifestante, que veio a falecer no hospital, se esfaqueou no peito depois de escalar um alto alambrado de segurança e acenar com uma bandeira na qual estava escrito "A OMC assassina agricultores."
Numa declaração divulgada depois da morte do Lee, uma delegação de aproximadamente 50 agricultores sul-coreanos disseram que o suicídio foi um ato de sacrifício para manifestar sua repulsa contra "a maneira em que a OMC está matando camponeses pelo mundo inteiro."
Ministros de 146 países se reúnem em Cancún até domingo para tentar chegar a um novo acordo para desempacar as discussões sobre o comércio global.
O exemplo de Seattle
Os manifestantes, que alegam que as regras de livre comércio favorecem as grandes empresas, às custas das nações pobres e do meio-ambiente, se juntaram em massa, como fizeram em 1999, quando os delegados da OMC se reuniram em Seattle. Apesar do reforço da segurança policial pelas praias e patrulhamento naval no mar, aproximadamente 5 mil ativistas protestaram na quarta-feira. Cerca de duas dúzias deles romperam as barreiras metálicas de 2,4 metros para agredir os policiais na periferia da zona hoteleira luxuosa de Cancún.
"Vamos invadir, vamos invadir," gritou um sindicalista sul-africano através dum auto-falante, exortando os manifestantes a ocupar uma área de hotéis e restaurantes "fast-food" na praia.
Os manifestantes lançaram pedras, paus, barras metálicas e garrafas na direção da polícia, que reagiu com cassetetes e gás lacrimogêneo. Mais de uma dúzia de manifestantes sofreram ferimentos provocados pela polícia. Num dos primeiros atos de protesto, na segunda-feira, 29 manifestantes se despiram numa praia pública e usaram seus corpos para soletrar "Não à OMC" na areia.