A Itália pediu à União Europeia (UE) maior apoio financeiro para as operações de socorro aos imigrantes no Mediterrâneo e uma "resposta clara" sobre os locais para onde devem ser encaminhados depois de resgatados, declarou o chefe da diplomacia italiana, Paolo Gentiloni.
"A vigilância e o socorro no mar pesam 90% sobre os nossos ombros. Não obtivemos uma resposta adequada da UE sobre esse assunto, disse Gentiloni, em entrevista hoje (16) ao jornal Corriere della Sera.
"E, depois, há um problema mais delicado. As operações de salvamento no mar implicam saber para onde as pessoas socorridas devem ser enviadas. Para o porto mais próximo? Para o país de origem do barco do qual salvamos as pessoas? A União Europeia deve responder claramente", acrescentou o ministro.
As organizações humanitárias denunciaram o descaso das autoridades europeias diante dos naufrágios de imigrantes no Mediterrâneo, depois do suposto desaparecimento no mar, no domingo (12), de cerca de 400 pessoas, apesar das buscas da guarda marítima italiana.
A Anistia Internacional revelou que com o fim da Oeração de Salvamento Mare Nostrum, que salvou 17 mil vidas, e a sua substituição pela Operação Triton, uma missão apenas de vigilância, a União Europeia voltou as costas para as suas responsabilidades e ameaça claramente milhares de vidas humanas".
Gentiloni informou que a UE gasta com a Operação Triton 3 milhões de euros por mês e a Itália gera todas as operações.
"O problema é europeu, mas o remédio é italiano. Isso não está certo", insistiu o ministro italiano.
Ele pediu também à UE que "trabalhe nas regiões de origem" de crise migratória, citando a Síria, a África, a zona do Mali, o Níger e a Republica Centro-Africana.
Em relação ao caos na Líbia, de onde parte a maioria dos barcos carregados de imigrantes, Gentiloni defendeu um acordo político entre os líbios, como quer a ONU, para formar um "governo mais inclusivo".
"Entretanto, não temos meses diante de nós. O duplo risco do avanço do Estado Islâmico e as ondas migratórias obrigam-nos a uma corrida contra o tempo", disse.
Diante das ameaças, Gentiloni lembrou a possibilidade de "ações antiterroristas, por exemplo, no quadro da coligação anti-Estado Islâmico, ações contra o tráfico de seres humanos e de colaboração para a recepção de refugiados nos países vizinhos".