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Identificação de agente secreta da CIA provoca crise

01 out 2003 às 14:06

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou na última terça-feira que uma investigação do Ministério de Justiça norte-americano sobre a identidade da pessoa que revelou o nome de uma agente da CIA seria apropriada.

O caso tem provocado uma crise interna no governo dos EUA, pois suspeita-se que a identificação da agente tenha sido feito por vingança ao marido da funcionária, um diplomata aposentado que tem feito duras críticas às ações norte-americanas no Iraque.


"Se houve um vazamento no meu governo, eu quero saber quem foi responsável", declarou Bush, acrescentando que, se alguém violou a lei, teria que ser punido. "A investigação é bem-vinda. Tenho total confiança no Ministério da Justiça e na sua capacidade de fazer um bom trabalho. Quero saber a verdade", disse o presidente.


No dia 14 de julho, o jornalista e colunista, Robert Novak, que trabalha para a CNN, citou a senhora Valerie Plame como uma agente da CIA. Segundo Novak, ela é uma agente clandestina especializada em armas de destruição em massa.


Nesta segunda-feira, Novak declarou que recebeu o nome de Valerie Plame de duas fontes, chamando-as de "oficiais graduados da administração Bush", quando estava pesquisando material sobre o marido dela.


O esposo de Valerie Plame é Joseph Wilson, um diplomata de carreira aposentado. No começo de 2002, a pedido da CIA,Wilson visitou o Níger para investigar um relatório britânico que acusava o Iraque de tentar comprar urânio naquele país africano para desenvolver armas nucleares.


Ao retornar da sua viagem, Wilson escreveu um relatório afirmando que não existia provas sobre aquela acusação.E m janeiro de 2003, no seu discurso anual ao Congresso, Bush citou a conexão alegada Iraque-Niger-urânio como parte da justificativa para a guerra com Iraque.


No começo de julho de 2003, o ex-embaixador Wilson escreveu uma matéria no New York Times, que criou mais dúvidas sobre o relatório britânico. Citando informações de inspetores das Nações Unidas, o artigo afirmava que o relatório, pelo menos em parte, havia sido baseado em documentos forjados.


As palavras de Wilson alimentaram a idéia de que o governo Bush tenha exagerado nas acusações que colocam o Iraque como uma grande perigo à humanidade. Argumento que tem sido usado a exaustão por Bush para justificar a invasão ao Iraque.


Poucos dias depois, o artigo de Robert Novak apareceu citando o nome da mulher de Wilson. Novak é um repórter conservador com um relacionamento estreito com o governo Bush. De acordo com o jornal "Washington Post", os fontes da Casa Branca passaram o nome de Valerie Plame para nada menos do que seis jornalistas. Só Novak usou a informação.


Segundo Wilson, a Casa Branca deixou vazar o nome de sua mulher como um gesto de vingança política.


Aberta investigação criminal


Nos Estados Unidos, a identificação pública de agentes clandestinos é um crime sério, protegido por lei especifica. A pena para quem revelar nomes de agentes pode ser de até 10 anos de cadeia e uma multa de US$ 10 mil.


Os democratas não estão felizes com o ultraconservador ministro da Justiça, John Ashcroft, à frente da investigação. Eles defendem um inquérito independente, dizendo que vazamentos deste tipo são graves demais para ficar nas mãos de um membro do próprio governo.

Eles também lembram um discurso em 1999, quando George H. W. Bush, o pai do presidente, que também foi presidente dos EUA, depois que serviu como chefe da CIA, declarou que pessoas que expõem fontes de inteligência são "os mais insidiosos traidores".


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