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Dono de boate em Buenos Aires é acusado de homicídio

02 jan 2005 às 19:40

A polícia prendeu Omar Chabán, dono da discoteca República Cromagnon que pegou fogo em Buenos Aires, na Argentina, e que deixou 175 pessoas mortas e 714 feridos.

De acordo com fontes médicas, ao menos 102 estão em estado grave e correm risco de morte. O governo decretou luto por três dias e suspendeu todas as comemorações públicas pela passagem do ano.


Decreto municipal proibiu as casas noturnas de funcionar até este domingo. Buenos Aires está repleta de turistas de todo o mundo para o Ano Novo. Boates prepararam noites especiais para o réveillon que não houve.


Segundo agências de notícias internacionais, o local teria capacidade para 2,5 mil pessoas, e comportava, no momento do incêndio, ao menos 4 mil. Mas, fontes ouvidas pelo jornal argentino ''Clarín'', disseram que a capacidade máxima do local era de 1,3 mil pessoas.


Policiais também procuram por outros três sócios da discoteca. A ordem de prisão dos donos foi dada pela juíza Maria Crotto. Chaban deverá ser interrogado e, juntamente com os sócios, acusado por homicídio doloso - com inteção de matar. As penas previstas para este tipo de crime na Argentina variam de oito a 20 anos de prisão.


A Justiça argentina havia expedido ordem de prisão contra Chabán e também pedido de captura internacional, para evitar que o empresário deixasse o país. A Polícia Federal argentina mobilizou agentes em toda a cidade de Buenos Aires na caçada a Chabán, que havia estado na boate na noite do incêndio e fugiu após a tragédia. Localizado pela polícia, o empresário não resistiu à prisão.


Chabán é considerado um personagem excêntrico da noite argentina. Nos anos 80, foi proprietário da casa de shows Cemento, que marcou época no luxuoso bairro de Palermo. Em abril passado, Chabán adquiriu e rebatizou a boate onde houve a tragédia, localizada no bairro Once, de classe média baixa.


A casa passou a adotar programação voltada para a juventude roqueira e chegou a abrigar também assembléias de grupos piqueteiros, que organizam protestos públicos contra o desemprego e a pobreza na Argentina.


O grupo Callejeros (expressão que em espanhol pode significar andarilhos ou pertencentes à rua) - que se apresentava na boate na hora do incêndio - despontou neste ano na Argentina, com um rock cantado em castelhano.


O incêndio, que começou pela explosão de fogos de artifício dentro da discoteca na noite de quinta-feira, fez com que as pessoas entrassem em pânico. Muitas foram mortas asfixiadas, já que as portas da discoteca estavam trancadas.


De acordo com o prefeito de Buenos Aires, Aníbal Ibarra, quatro das seis portas do prédio, incluindo duas saídas de emergência, estavam fechadas em uma aparente tentativa de evitar que as pessoas entrassem sem pagar.

Investigadores dizem que o desastre pode ter começado quando um fogo de artifício foi jogado em direção ao teto. O filtro de tecido que escondia os fios elétricos e servia de anteparo acústico pegou fogo.


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