O Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores) vai contratar uma empresa de segurança privada para coordenar "ações de defesa" contra invasões de terra em todo o país. A estimativa é que 10 mil fazendas de todas as regiões participem da operação.
A medida, de acordo com o presidente do Sinapro, Narciso Rocha Clara, é uma reação ao atual recrudescimento das ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no campo, à falta de ação das policias militares nos Estados para conter as invasões e à forma com que o governo federal tem conduzido o processo de reforma agrária.
"Os proprietários rurais do Brasil inteiro amargam uma realidade de ver suas terras invadidas sem poder reagir, mas isso vai mudar a partir de agora. Estamos fazendo o que a lei nos permite. Essa atitude da classe é um dos nossos últimos recursos para evitar uma catástrofe: ver um confronto armado no país", disse Clara.
A American Security, empresa de São Paulo, vai orientar as ações de outras empresas que estão em processo de contratação em outros seis Estados (RS, MS, MG, PE, PR e BA).
O sistema de proteção, que vai contar com carros, câmeras de segurança, motocicletas, cavalaria, cães e homens armados, entrará em operação inicialmente no vale do Ivaí, no Paraná, e em São Paulo.
"Somente em caso de invasão nós vamos acionar helicópteros para avaliar como poderemos agir", declarou Geanni Santirocco, gerente-geral da empresa de segurança contratada.
Antes de iniciar as tarefas, foram feitos estudos sobre as dimensões a serem monitoradas, a quantidade ideal de agentes e o melhor local para se instalar as bases das operações de vigilância.
"Os carros irão fazer rondas nas estradas e rodovias próximas às fazendas como medida preventiva. Em hipótese nenhuma ficaremos mais de braços cruzados diante de uma invasão. Nós vamos defender nossas propriedades haja o que houver, acontece o que acontecer", afirmou o presidente do Sinapro
Não foram divulgados os custos do trabalho nem o critério de contratação da empresa. O sindicato afirmou apenas que os valores serão divididos entre os proprietários rurais e que "ficarão bastante acessíveis aos produtores rurais".
Segundo Edson Cardoso, um dos sócios da Antares, o preço cobrado por hora é de R$ 7,50. "Nossa empresa é legalizada na Polícia Federal e assume as responsabilidades sobre o que ocorrer, até mesmo se um segurança disparar contra um invasor. O aspecto legal é de responsabilidade nossa", diz.
Segundo Cardoso, a maior vantagem da contratação de uma empresa é o caráter "ostensivo da vigilância, que inibe ações de invasores". Ele disse que a empresa presta ainda assessoria e, a um custo entre R$ 250 e R$ 300 por pessoa, "pode fazer cursos para jagunços que hoje protegem as fazendas sem nenhuma noção em termos de segurança".
Segundo o sócio da Antares Vigilância, o único requisito exigido pela empresa para treinar os "jagunços" é consultar antes os antecedentes criminais do interessado.