O derretimento das geleiras se acelerou nas últimas décadas, um fenômeno alarmante, que evidencia o aquecimento da atmosfera, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira (04) pelo Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUE).
As geleiras do Ártico diminuíram entre 6 e 7% no inverno (hemisfério norte) e entre 10 e 12% no verão no decorrer dos últimos 30 anos, indica o estudo apresentado em Tromsoe, norte da Noruega, na véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Além disso, entre 7 e 10% da superfície terrestre nevada do hemisfério norte desapareceram durante os períodos de março e abril das últimas três ou quatro décadas, segundo o informe.
Conseqüência do aquecimento da atmosfera, o degelo é também resultado da aceleração das mudanças climáticas, ressaltam os cientistas.
"A neve e o gelo refletem entre 70 e 80% da energia solar, enquanto a água a absorve. Se continuarem derretendo, isto aumentará o aquecimento global", explicou em uma entrevista coletiva à imprensa em Tromsoe Paal Prestrud, um dos autores do relatório.
"Os 6,5 bilhões de pessoas deste planeta optaram por uma forma de vida baseada em uma realidade determinada. Esta realidade está a ponto de mudar ainda mais rápido que o previsto", afirmou o diretor da PNUE, Achim Steiner.
"Isto significa que a necessidade de nos adaptarmos às mudanças climáticas é tão considerável, do ponto de vista das conseqüências e dos custos econômicos, que temos que atuar a partir de agora", ressaltou.
Segundo os cientistas, por volta de 40% da população mundial poderá ser afetada pela redução das superfícies nevadas e das geleiras na Ásia.
Muitos rios do continente como o Ganges e o Mekong são alimentados pelo Himalaia, e a redução do gelo desta cordilheira causaria a diminuição dos recursos de água potável e irrigação.
O aumento do nível dos oceanos, provocado pelo degelo terrestre, engoliria as regiões costeiras e ilhas inteiras, por exemplo, de Bangladesh à Indonésia.
O degelo contribuiria também para o aumento de catástrofes meteorológicas como furacões e inundações, afetando assim as populações, a economia e a fauna.
"No mundo animal, as espécies autóctones (do Ártico) poderão desaparecer já que não podem deixar a região, onde se instalariam novas espécies, procedentes do sul", afirmou Prestrud.
Por exemplo, o urso polar, espécie emblemática do Pólo Norte, está ameaçado de extinção nas próximas décadas devido à diminuição dos bancos de gelo.
Algumas comunidades já começaram a adaptar seu estilo de vida à nova situação climática: em algumas regiões da Groenlândia os caçadores esquimós trocaram os trenós por pequenas embarcações.
Fonte: AFP