O governo brasileiro quer recuperar cerca de 900 bens desaparecidos que fazem parte do patrimônio histórico e cultural do país.
Para isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou nesta terça-feira (23) a Campanha pela Recuperação de Bens Procurados.
Um vídeo institucional será veiculado nas emissoras de TV chamando a atenção sobre a importância dos bens históricos para a identidade nacional. A idéia também é estimular a população a denunciar o crime de compra e venda de peças de arte ou antiguidades roubadas.
De acordo com o presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, o objetivo da campanha é sensibilizar a população e dividir com ela a responsabilidade pela preservação dos bens coletivos.
"É dividir com a população a responsabilidade e o desejo de recuperar esses bens que, afinal, são de todo mundo. Queremos tornar a imagem desse patrimônio roubado acessível a todos. Se, por ventura, as pessoas souberem da localização deles, podem avisar a polícia ou o próprio Iphan".
O instituto disponibilizou na sua página na internet (www.iphan.gov.br) uma relação com fotos dos 898 bens culturais que estão sendo procurados, bem como um espaço para que sejam feitas denúncias sobre o seu paradeiro.
São peças que foram roubadas, furtadas ou extraviadas de igrejas e museus, tais como móveis, imagens de santos, obras de arquitetura, pinturas e castiçais, alguns deles com até 500 anos de existência.
A maior parte dos objetos - 533 - desapareceu no Rio de Janeiro, onde estão localizados nove dos 12 grandes centros culturais do país. Mais de 100 igrejas e de 30 museus já foram roubadas no estado.
No ano passado, por exemplo, ladrões armados detiveram os guardas do Museu Chácara do Céu, forçando-os a desligarem os sistemas de segurança. Eles levaram obras valiosas como as telas A Dança, de Pablo Picasso, Dois Balões, de Salvador Dali, e Marina, de Claude Monet.
Até hoje as obras estão sendo até hoje procuradas pela Polícia Internacional (Interpol), com oferta de R$ 5 mil para quem ajudar a localizá-las.
Além da internet, as denúncias, sobre estas e as outras obras procuradas pelo Iphan em todo o país, podem ser feitas também pelo telefone (21) 2253-1177.
De acordo com a Interpol, o roubo de bens artísticos e do patrimônio histórico é o terceiro delito mais rentável do mundo. No ano passado, movimentou R$ 4 bilhões.
Informações do órgão indicam que o Brasil só fica atrás dos Estados Unidos, da França e do Iraque no ranking do comércio ilegal de obras.
O destino das peças são quadrilhas especializadas que recebem encomendas de colecionadores. Em muitos casos, os bens culturais são enviados a Bruxelas (Bélgica) ou Nova York (EUA), de onde seguem para os receptadores em varias partes do mundo.