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Brasil comemora Dia Mundial de Luta contra a Aids

01 dez 2003 às 14:44

Primeiro de dezembro é o Dia Mundial da Luta contra a Aids. No Brasil, os números oficiais apontam para uma estabilização da doença, mas, no mundo, a situação é preocupante.

Segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada, mais pessoas morreram de Aids em 2003 do que em qualquer outro ano desde o início da epidemia.


As novas estimativas globais mostram que cerca de 40 milhões de pessoas são hoje portadoras do HIV, sendo que 2,5 milhões são crianças com menos de 15 anos. Somente em 2003, algo em torno de cinco milhões de pessoas contraíram o vírus. Três milhões morreram.


A pobreza é um dos fatores que contribuiu para o crescimento do HIV/Aids no mundo. Em pouco mais de 20 anos, a pandemia de Aids mostrou o quanto a diferença de riqueza entre as nações pode ser determinante no controle da doença. Enquanto, na África Subsaariana, 30% das pessoas carregam o vírus HIV e 2,3 milhões morreram da doença em 2003, nos países que investiram em respostas rápidas e eficazes, os indicadores vêm se mostrando mais positivos.


No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (MS), a partir de 2000 houve uma estabilização no índice de novos casos registrados. Os números da Aids no país, atualizados até o mês de setembro, registram 19.373 infecções nos últimos nove meses e uma mudança no perfil da doença, com o avanço maior entre os heterossexuais homens.


A resposta brasileira permitiu uma estabilização da epidemia, embora em patamares bastante elevados. A cada ano são 22 mil novas pessoas que adoecem e pelo menos 10 mil morrem, o que faz a Aids permanecer como um problema emergencial de saúde pública.


A mortalidade é um outro indicador importante para avaliar o curso da doença nos países. Na África subsaariana, a Aids é a principal causa de morte e será responsável por 39% dos óbitos nos próximos anos, segundo estimativas do Programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids).


No Brasil, não apenas a mortalidade por Aids diminuiu em 50% como a qualidade de vida das pessoas com Aids melhorou, sinal da eficácia da política de distribuição gratuita e universal dos medicamentos anti-retrovirais. Somente no ano passado, foram gastos R$ 516 milhões, que beneficiaram 130 mil portadores do vírus.


Hoje, apesar dos bons números, em relação ao restante do mundo, o grande desafio no Brasil é fazer com que a população incorpore o uso do preservativo também nas relações heterossexuais estáveis, e não apenas com parceiros ocasionais. Outro grande desafio é sensibilizar a população para fazer o diagnóstico do HIV de forma precoce.


O Ministério da Saúde estima que cerca de 600 mil pessoas não sabem que são portadoras do vírus HIV. Por isso, lançou em outubro deste ano a campanha "Fique Sabendo", com o objetivo de mudar essa realidade.


A campanha quer conscientizar a população sobre a importância de teste de diagnóstico da doença. A meta do MS é aumentar em 150% o número de testes realizados anualmente no país, passando dos atuais 1,8 milhões de testes para 4,5 milhões.


Transformar o 1º de dezembro em Dia Mundial de Luta Contra a Aids foi uma decisão da Assembléia Mundial de Saúde, ocorrida em outubro de 1987, com o apoio da Organização das Nações Unidas - ONU. Segundo o coordenador de DST/Aids do MS, Alexandre Grangeiro, "a data visa mobilizar a sociedade para a luta contra a Aids, tanto do ponto de vista de demonstrar a importância de se fazer a prevenção como ao garantir os direitos e o acesso aos serviços de saúde por parte daqueles que estão infectados".

No Brasil, a data passou a ser adotada a partir de 1988, por uma portaria do Ministério da Saúde. O laço vermelho é o símbolo mundial da campanha e significa solidariedade e comprometimento. Para Grangeiro, a luta contra a Aids é fundamentalmente uma defesa dos direitos humanos e contra a violação dos direitos da população mais atingida pela epidemia.


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