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Analgésico à base de veneno é mais eficaz do que morfina

16 ago 2007 às 19:05

Pesquisadores do departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo, identificaram no veneno de uma vespa, popularmente conhecida como marimbondo-estrela (Polybia occidentalis), uma substância que, em testes laboratoriais, mostrou-se de duas a três vezes mais eficaz do que a morfina no controle da dor.

A responsável pelo efeito é uma cinina, substância derivada da Treonina-6 Bradicinina (T6Bk), peptídeo amplamente conhecido na literatura científica. A cinina foi identificada durante os trabalhos de rotina dos cientistas no Laboratório de Neurobiologia e Peçonhas, que se concentram na prospecção – no veneno de diferentes espécies de aranhas e vespas – de drogas capazes de inibir crises convulsivas.


O estudo da cinina teve início há cerca de três anos com a tese de doutorado de Márcia Renata Mortari. "O elevado potencial da substância frente à morfina foi comprovado em experimentos em que a cinina foi injetada no cérebro de ratos com dor induzida por meio de hipertermia, modelo que utiliza altas temperaturas", disse o coordenador do estudo e orientador da tese, Wagner Ferreira do Santos, à Agência FAPESP.


"Como os mecanismos que causam a dor têm forte relação com os circuitos cerebrais, outra novidade do estudo foi a identificação de uma nova via, um novo espaço, para o controle da dor utilizando cininas. A substância se mostrou atuante em um sistema do cérebro conhecido como calicreína-cinina, que é responsável por várias patologias cerebrais, como a formação de edemas, por exemplo", disse Ferreira dos Santos.


Segundo ele, com o estudo da estrutura molecular da cinina, o próximo passo será a exploração da substância de maneira sintética, visando ao estudo de novos sistemas de controle da dor no cérebro e a possível criação, após outros testes com modelos animais e com seres humanos, de medicamento analgésico em parceria com empresas privadas.

Além de Ferreira do Santos e de Márcia Renata, integram o grupo responsável pelo estudo os professores Norberto Peporini Lopes, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Joaquim Coutinho-Netto e Norberto Coimbra, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, e Antônio Miranda, da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


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