O acidente do avião que deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo, interior de São Paulo, se assemelha com outra queda de aeronave, em 1994, que deixou 68 mortos nos Estados Unidos.
Leia mais:
Taxação dos super-ricos é aprovada em declaração de líderes do G20
Jake Paul vê fúria de Mike Tyson, mas usa físico e vence lenda do boxe nos pontos
Trump insinua candidatura para 3º mandato, o que é proibido pela Constituição
Meta climática do Brasil cita pela 1ª vez redução no uso de combustíveis fósseis
O episódio dos anos 1990 aconteceu em meio a uma tempestade e as asas do avião congelaram -puma das principais hipóteses levantadas para a causa do acidente do voo da Voepass na última sexta-feira (9). O acidente também aconteceu em um ATR turboélice.
Bob Clifford, advogado americano que trabalhou no caso de 1994 e representou 16 vítimas do acidente, afirma que os pilotos estavam distraídos e não perceberam a tempo o congelamento das asas. O voo fazia um percurso curto (de cerca de 250 km) entre Indianápolis e Chicago, caiu em um campo perto da cidade de Roselawn, no estado de Indiana.
De acordo com documentos divulgados em 1996 pelo Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA havia um ambiente de descontração na cabine do avião, com a presença de comissários de bordo e música.
O órgão afirma que isso não contribuiu diretamente para o acidente, mas admite que "um ambiente de cabine estéril provavelmente teria reduzido as distrações da tripulação e poderia ter promovido um nível apropriado de consciência da tripulação para as condições em que o avião estava sendo operado".
Para Cliffort "é muito provável que os pilotos não tenham notado e ativaram o mecanismo [para limpar a asa] muito tarde, perderam controle da aeronave e não conseguiram recuperar", afirma ele. "O principal problema do acidente foi falha humana, não técnica."
O advogado explica que o modelo da aeronave é muito sensível a mudanças climáticas e que, após o acidente, a regulação foi alterada para evitar novos acidentes. Entre eles, está a proibição de que comissários de bordo entre na cabine do piloto quando o avião estiver a 10.000 pés ou abaixo disso.
Além disso, o modelo passou a voar principalmente em regiões que não sofrem com forte frio nos Estados Unidos, como a Flórida, e alguns modelos foram mandados para a América do Sul.
O ACIDENTE EM SÃO PAULO
O voo 2283 da Voepass caiu na sexta durante viagem de Cascavel (Oeste) a Guarulhos (Grande São Paulo), na área de uma casa no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela. Imagens feitas por moradores mostram o avião em queda livre e, na sequência, uma explosão seguida por muita fumaça.
A queda matou os 58 passageiros e os quatro tripulantes que estavam a bordo. A aeronave, que decolou às 11h50 e tinha previsão de chegada às 13h40, perdeu 3.300 metros de altitude em menos de um minuto a partir das 13h21, segundo o site Flight Aware, que monitora voos em tempo real ao redor do mundo.
Segundo a Força Aérea Brasileira, o avião deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo às 13h21. O piloto não teria declarado emergência ou reportado estar sob condições meteorológicas adversas.
Nas primeiras horas após o acidente, especialistas em aviação ouvidos pela reportagem levantaram duas hipóteses principais para o caso com base nos primeiros detalhes, ressaltando ser cedo para determinar as causas. A caixa-preta do avião foi recuperada.