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Acusado do crime deve ser indiciado por sonegação

14 fev 2004 às 10:04

O empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de ser o mandante do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), deverá ser indiciado pela Polícia Federal de São Paulo por crime de sonegação fiscal. Segundo investigação, ele teve uma movimentação financeira três vezes maior do que declarou à Receita Federal.

Sérgio Gomes da Silva está preso desde de dezembro em uma cadeia pública em Juquitiba (SP). Ele é acusado de ter contratado uma quadrilha para seqüestrar e matar Daniel. Na versão do Ministério Público, o prefeito foi morto em janeiro de 2002 porque tentava acabar com um esquema de arrecadação de propina na prefeitura petista de Santo André. O PT, por sua vez, defende a tese de crime comum - não havia intenção de matar Daniel.


O inquérito por sonegação foi aberto a pedido do Ministério Público Federal há quase um ano e é conduzido pela delegada federal Maria Cristina Rezende, que analisou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Gomes da Silva entre 1997 e 2002.


A delegada intimou o empresário a prestar esclarecimentos na próxima terça-feira, na 7ª Delegacia Fazendária da capital.


Para a Polícia Federal, há divergências entre o que foi declarado pelo empresário e o que ele movimentou em uma conta bancária do Banespa, em Santo André. Pela legislação, a pena mínima para o crime de sonegação fiscal é de dois anos de prisão.


Uma das movimentações que chamou a atenção da polícia é de dezembro de 1998, quando Gomes da Silva recebeu em sua conta bancária R$ 100 mil que teriam sido depositados por empresários de ônibus da cidade, ainda na gestão do prefeito morto.


Na ocasião, o empresário não trabalhava na prefeitura. Para o Ministério Público, no entanto, favorecido pela amizade com o prefeito morto, Gomes da Silva participava de um grupo de cobrança de propina na cidade.


Os valores movimentados por Gomes da Silva são mantidos em sigilo pela Polícia Federal. A defesa de Gomes da Silva nega o crime de sonegação fiscal.


Política


No início das investigações sobre o suposto esquema de corrupção em Santo André, há cerca de dois anos, o atual ministro José Dirceu (Casa Civil) foi apontado como o receptor final da propina. O dinheiro, segundo João Francisco, irmão do prefeito morto, financiou campanhas do partido. O PT e Dirceu sempre disseram que a acusação é inverídica.


Em junho de 2002, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ao STF a abertura de inquérito contra Dirceu, por ver "indícios" de que ele teria recebido dinheiro do esquema. Em 1º de julho daquele ano, o ministro Nelson Jobim, do STF, rejeitou a abertura de inquérito alegando "gritante" insuficiência de motivos. Brindeiro não recorreu.

Informações Folha Online


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